26.8.10

Thrashcore V, meia resenha

O lance é que quando eu cheguei lá, o Tirei Zero já tava mandando bala há umas duas músicas. Eu choquei, porque estou mal acostumado com os shows que normalmente atrasam e lá começou na hora. Por causa disso, já tinha perdido o Massacre Bestial(Facas Lindas) e o Baba de Sheeva - puta show que eu havia visto na Calourada da UFG, onde o Sangue Seco deu o ar(cheiro de matança) da graça.
Os caras do TZ acharam a fórmula certa: punk hardcore sem pretensões. Mas o engraçado é que ao invés de a banda soar clichê, eles fazem algo essencial a quem quer viver o eterno espírito dos 16: deixar só as boas influências virem à tona. A mistura Minor Threat + Cólera + Grinders + Adolescents + algo antigo de Nova Iorque soa muito bem aos meus ouvidos. O show deles foi o excelente demo(capa caprichada, gravação nota 10) com cover de Personal Choice("Reject") e mais uma música que suspeito ser nova. Goiânia se rende aos moshes e circle pits
mais doentes promovidos pelo crooner Pedrinho. A guitarra deu uma desafinada no meio do show e o André não se deu ao trabalho de torcer meia tarraxa. Tenho orgulho desse ogro disfarçado de bom moço. Galera insana. Goiânia renovada pelo clima noventista do show do Tirei Zero. Aliás, 5,5 na vida. ROAR!
Daí aconteceu. O D.E.R. subiu ao palco pra mandar blast beats a 300km/h. O barata(Baratatatatatata como gostamos de chamá-lo) toca muito rápido e, ao contrário dos que tocam esse estilo e batem de leve na caixa, eu acho que com as duas mão eu não bato tão forte quanto ele. SHOW DOENTE MENTAL. Quem não era, ficou. Quem era, não se curou. Claramente o espírito maligno napalmdeathano e sorethroateano estavam ali de mãos dadas numa ciranda ligeira e maldita. A estroboscópica não conseguia acompanhar a baqueta esquerda do batera. O vocal gutural rasgava protestos em português, a guita com bases e riffs aranhescos e o baixo marcava mince core todo o tempo. I need blast beat!
A noite não podia acabar melhor. Os Violeiros de Brasília, recém-chegados de uma turnê no exterior(não sei se Japão ou Europa), ficaram encarregados dessa tarefa nada fácil, pois tudo que eu vi nessa noite foi difícil de aceitar que tinha de acabar. E esse show, quando começou, eu já sabia que eu ia sofrer porque faltava menos de uma hora e meia pra acabar. Os caras abriram o show com o riff mais foda deles na minha opinião: "Ordered to thrash", mas não a tocaram toda, apenas esse riff desgramento. Daí seguiu-se uma horda de músicas dos quatro ou cinco álbuns dos caras. O carisma dos caras e o discurso de todos unidos pela mesma causa-coisa foram a tônica do show: curtir um som, indignar-se diante da desigualdade e pensar um mundo mais massa. Thrash metal de prima.
E o trampo dos meninos que armaram o local? Havia fita crepe no chão desenhando logos do Slayer, setas indicando o caminho do pogo, patrocínio da Hocus Pocus e, ao fundo do palco, cartazes, muitos cartazes de shows clássicos, como o do D.R.I e Slayer. Que deve ter sido isso, meu deus. Além disso, havia arte stencil também, tudo disponibilizado pra quem quisesse pegar no final. do caralho a iniciativa!
Eu saí de lá aliviado. É esta a palavra, aliviado. Isso porque o resgate dos 8tenta no thrash, no hardcore e no grind só emocionam. A real é que o Violator, o Tirei Zero e o D.E.R. pegaram o creme do que houve de melhor em tudo dessas épocas em que o som que fazem era também a palavra da hora. Daí que você tem o melhor do thrash, do hc e do grind. Quem não foi, se fudeu. Ou vai cair no clichê de se arrepender do que não fez?


Texto: Guga Valente

Fotos: Nati Simão
www.flickr.com/photos/natisimao

1 comentários:

Diogo Rustoff disse...

Desgraça
foi fudido. que sirva de exemplo para outros shows.
show de hardcore não tem que ser tosco, não tem que ser mal feito de propósito.
os detalhes fazem a diferença