29.5.15

Motor City Madness - Dead City Riot (2015)


Motor City Madness é uma banda que te faz voltar a ter a plena ideia de vivenciar o ambiente sujo do rock e ser livre sem restrições. Digo isto muito por conta do novo álbum do quarteto lá de Porto Alegre, o petardo "Dead City Riot", que segue a mesma linha do disco anterior, punk, garage rock e stoner sem enrolação e direto, com riffs maravilhosos, graves que lascam com as caixas do system, batidas frenéticas e vocal tratado com gengibre, cana e mel. Temático, a bolacha conta com 11 cantigas que falam de uma cidade podre e morta, habitada pelo resto de seres tortuosos, zumbis e derrotistas, em 23 minutos de muito rock intenso, que merece ser ouvido em algum boteco boca-de-porco, consumindo bebida barata em copo americano completamente e levando o sentido do rock-podre ao pé da letra. A bela arte de capa é do incrível Daniel ETE e retrata bem toda a mensagem que a banda passa através deste belo disco. 
Comparando com bandas goianas, eu diria que a Motor City Madness seria uma junção bem melhorada e suja de Hellbenders e Black Drawing Chalks, bailando quase todo final de semana no Capim Pub sem nenhuma frescura. Sincero e forte, a sonoridade destes cabras é algo que merece ser bem valorizado, pois não é sempre que deparamos com algo tão original, portanto, o lance é ouvir sem restrições e sair de vez da linha reta da vida falsa.

Página da banda: Motor City Madness

Ouça e baixe o disco "Dead City Riot" aqui:



26.5.15

Disforme & Manger Cadavre? - Limbo - Split (2015)


Depois de um final de semana maravilha, a segundona começa bem agressiva neste espaço virtual de cultura subversiva. Desta vez apresento-lhes o incrível Split "Limbo", que junta as bandas Disforme e Manger Cadavre? num dos principais lançamentos deste nosso underground neste ano. 

Disforme é daqui de perto, da vizinha Brasília/DF, formada atualmente por Tainara (voz), Negrete (guitarra), Petrônio (baixo) e Marcelo (bateria) e que manda um hardcore/punk direto, sincero e minimalista. Conheci e acompanhei a banda através dos registros "64 Nunca Mais" e "Mais um Número" e o quarteto volta ao cenário com este maravilhoso Split, mostrando 4 cantigas que abordam temas como o machismo e exploração humana, destaque para as músicas "Cães e Porcos", "Miragem" e "Seu Corpo" que mostram bem a característica própria do hardcore cru candango. 

A Manger Cadavre? é lá de São José dos Campos/SP e eu conheci o som da banda através do EP "Origem da Queda".... Formada por Nata de Lima (vocal), Jonas Godói (guitarra), Marcelo Augusto (baixo) e Marcelo Kruszynski (bateria), esta quadrilha em formato de conjunto musical agressivo, espalha o barulho através do hardcore/crust desde os perdidos de 2011. Nesse registro, chegam com 4 músicas bem pesadas que falam das atormentações do cotidiano e da extrema exploração do trabalho/consumo, merecendo destacar as faixas "Existimos", "Orbis" e "Trabalhe, Consuma, Morra", além da incrível força do vocal da Nata. A banda é um dos destaques dessa nova safra da cena paulista e que representa muito bem o cenário do Vale do Paraíba. 

É meio que bater na mesma tecla no decorrer destes anos tortos, mas registros como o "Limbo" são necessários para o fortalecimento desse nosso círculo. Primeiro pelo fato de apresentar duas bandas de estilos distintos e com ideias semelhantes que se encontram num mesmo esquema e segundo que a união de selos/distros fazem o trampo rodar este país de uma forma mais rápida e dá a possibilidade de atingir e entortar a vida de mais pessoas. A coincidência (ou não) das duas bandas possuírem vocais femininos, cada qual com seu estilo, também é um atrativo diferente, pois aprecio muito os grupos com mulheres nos vocais e sinto falta de ver isso de uma maneira mais rotineira.

O lançamento ficou por conta dos selos Two Beers Or Not Two Beers, Terceiro Mundo Chaos, Zuada Distro, Poeira Maldita Distro, Seein' Red e UK, com a belíssima arte de capa levando a assinatura de Marcelo Augusto. Posso dizer sem nenhum receio que este é um artigo indispensável na coleção dxs amantes do submundo sonoro nacional, pois toda a concepção deste registro está impecável, com ótimas gravações, músicas, letras e parte gráfica, portanto ouça o disco logo abaixo, adquira a sua cópia com a distro/selo mais próxima de sua residência e dê mais vida ao nosso adorável subterrâneo. Foda!


Página da banda: Disforme

Página da banda: Manger Cadavre?

Ouça a parte Disforme aqui:



Ouça a parte Manger Cadavre? aqui:

21.5.15

RENEGADES OF PUNK (SE) EM GOIÂNIA NO MÊS DE JUNHO




Dia 14 de junho teremos o prazer de receber em Goiânia uma das prediletas bandas entre todas. Diretamente de Sergipe vem Renegades of Punk, trio que esbanja fúria e amor em matéria de punk rock desde que a monotonia deixou de habitar seu coração. Refrões serão cantados em tom de lágrima e melodias grudentas deixarão colorido o setor Central. Caso não se identifique com o lírico ou não se encante com os agudos, lamento, mas tem alguma coisa errada por aí. 

Pra abrir a festa teremos dois expoentes locais: primeiro, os Bang Bang Babies na melhor fase de seu balanço, e, em sequência, os reprovados no teste da vida do Tirei Zero. O abrigo será o Gas 07, antigo Rocklab, requintadíssimo espaço situado no parapeito de Goiânia e ideal para recepções calorosas de pequeno porte. O investimento te custará uma bagatela de $10, honorário honesto em se tratando do que é: tudo por nós e tudo pra nós.
Vem com a gente. 

RENEGADES OF PUNK (SE)

Poderia citar uma cacetada de referência, mas troco os comparativos por qualquer sinônimo de "coisa boa". Intenso, honesto e renegado, o trio sergipano vem mostrar que ser fora de compasso, ter carisma e se preocupar com timbres esmerados caminham lado a lado. Primeira vez em Goiânia. 


TIREI ZERO

Rock pra quem perde a inscrição do vestibular porque não tem identidade ou pra quem até passa na prova, mas demora um quádruplo de ensino médio pra formar. Fora isso são só quatro amigos querendo pular alto e tocar punk rock com entrega. 


BANG BANG BABIES

A prova que o teste do tempo faz bem pras pessoas é o amadurecimento dos Bang Bang bêbados, melhores do que nunca e provavelmente os piores desde sempre. Fora isso, um dedo de Oblivians com ondas altas e balanço dão o tom da banda mais astral de Goiânia. Não vacile no horário e tire a prova dos nove.


SERVIÇO:

MEDUSAMENTE E PRETEXTO DE VAGABUNDO EDIÇÕES APRESENTAM:

RENEGADES OF PUNK (SE) 
TIREI ZERO 
BANG BANG BABIES

Domingo, 14/06/2015.

Local: Gas 07 (Rua 07, Nº 475, Centro – Antigo Rocklab, ao lado do Pathernon Center).

Horário: 17 horas

Investimento na sua qualidade de vida: $10




Flyer: Medusamente e Pretexto de Vagabundo Edições

Texto: Júlio Baron

14.5.15

C.R.A.C.K & Alchemy of Sickness (Malásia) - Split (2015)



O fast conjunto C.R.A.C.K já figurou neste seboso espaço algum tempo passado e desta vez volta pra apresentar o seu mais recente trampo, o split dividido com a banda da Malásia Alchemy of Sickness. Com uma pegada bem agressiva que mescla o grindcore e crustpunk, o lado sonoro podre dos paulistas consiste em 3 faixas que interligam 6 músicas. Mais bem trabalhado que o registro anterior e com influência da velha escola do grindnoise macabro, o destaque vai para as boas mesclas entre introduções cadenciadas e o fastviolence que extrapola os limites da anti-música. Protesto social e sujeira sonora de qualidade, recomendadíssimo para simpatizantes de bandas como Disrupt, Hutt, R.O.T, Disfear e sonoridades extremas do naipe. Ouça, pois o esquema tá lindão!



Ouça o Lado C.R.A.C.K aqui:

Ouça o Lado Alchemy of Sickness aqui:

13.5.15

Síndrome - Oito Minutos de Síndrome - Demo (2015)

Síndrome é uma banda nova da cena paulista e que chega pra abalar o seu sistema nervoso e sanguíneo com a lindíssima demo virtual "Oito Minutos de Síndrome", primeiro trampo do conjunto de cantiga veloz formada por Gregório Paoli (Veneno Lento, Busscops), Nino (Discarga, Eu Serei a Hiena, Jesus Macaco, Bastardo, Abuso Sonoro), Pedro e mais alguma mente torta que irá compor este belo time podre. O disco conta com 7 cantigas que exploram o hardcore/punk com fortes raízes no ambiente underground paulistano dos anos 2000, valendo destacar as potentes "Morrer aos Trinta" e "Saíam do Centro", as cadenciadas descompassadas "Pasquale" e "Cabeça de Tédio", a inusitada baladéx decadente "Carta Aberta" e "Campanha de Despovoamento do Mundo", a melhor em minha tosca opinião chula. Você que identifica-se com bandas como Naifa, Discarga, Morto Pela Escola, Futuro e afins, a Síndrome é uma paulada certeira na sua moleira, hardcore sincero e com ótimas letras que vai fazer sua vida entortar ainda mais nesse mundo bizarro, mas que ainda vale à pena teimar. O sutberrâneo sonoro respira bem, e muito disso é por conta de materiais maravilhosos como este que tive o prazer de escutar e rasurar. Ouça, indique, espalhe e sempre que possível consuma o que é produzido dentro do underground. É isso!

Página da banda: Indisponível




Ouça e baixe o disco aqui:

7.5.15

Domingo de Surf no Skate em Goiânia

Domingo é um dia complicado pra sair de casa, principalmente quando pensa-se na maldita segunda-feira de trabalho e/ou estudo, mas de vez em quando algumas ocasiões são bem atrativas pra fazer a pessoa levantar a carcaça corporal atacada pelo reumatismo e deixar de lado o futebol, compromissos familiares e a preguiça descomunal. Tá, superei alguns desses fatores e rumei para os lados do Jardam (aka Jardim América), pois nas imediações do bairro aconteceria uma tarde/noite frenética de Skate Punk e Surf Music com as bandas Tirei Zero e Beach Combers, num local inédito pra mim, o Estúdio Sonoro.

Cheguei relativamente cedo no local, fiquei moscando por um tempo, vi uma quadrilha de gambés parando uns moleques que estavam dando um pião de Audi e pude acompanhar a chegada elegante de parte do público, tudo muito calmo e morgante até então. Na medida em que o tempo avançava, conhecidxs adentravam e as boas prosas fluíam naturalmente, acompanhadas de maravilhosas latólas geladitas de antárctica comercializadas por um preço justo e compatível com o bolso lascado pela falta de verba de fim de mês.

Com uma discotecagem bem agradável em que pude ouvir um bom "Raise the Black Flag", hit da magnífica Skate Aranha, e outras pedradas do naipe, o clima ia encorpando e o baile ficando cada vez mais elegante, até que acordes distorcidos saíam dos poros do estúdio e a Tirei Zero preparava-se para o ritual sonoro. Tinha tempo que eu não via os cabras em ação e o mais incrível pra mim foi ver a evolução do Vitim na banda e saber que a bicheira que castigava as costas do baterista Julio, parecia ter sido amenizada, nada que um excelente álcool com arnica não resolvesse aquela infame enfermidade. Introduçãozinha cabulosa, livre experimentalismo guitarrístico, Bruno e a sua incrível capacidade de dar estrelinha e ainda segurar bem as cordas grossas, Julio sapecando na percussão como de costume, Pedrim sendo o frontman que o underground sempre precisou e em minha imaginação fértil eu conseguia ver ali o JFA alimentado com pequi, gueroba e suco de tamarindo. 
Saí muito satisfeito da apresentação, estava bem escuro na parte externa do Sonoro e a expectativa pra ver a banda carioca de surf music era grande. Não conhecia o som e o que eu ouvi através do youtube tinha agradado bastante. Bebi mais algumas ampolas antes da apresentação do trio e quando os acordes vazaram da salinha aconchegante do estúdio, acelerei meus passos largos e imediatamente fui transportado para o ambiente praiano dos anos 60 da Califórnia fervente. Meu dorso não conseguia ficar estático e ora ou outra eu dobrava ridiculamente meus joelhos, uma mera alusão tosca à prática esportiva em riba da prancha grande. Muito louco o visual dos bacharéis integrantes do conjunto, a sonoridade e toda a proposta, saí dali muito entusiasmado com o esquema sonoro dessas doidos cariocas.

Achando que grand finale já havia ocorrido e que eu iria capar o gato pro rumo da pecuária, eis que uma surpresa punk invadiu aquela noite agradável, era uma banda do lendário Fal (Rollin Chamas), se eu não me engano a banda é conhecida pela graça de Caçadores de Cabeça e mandou um punk rock tradicional dos mais legais de ouvir. Por fim, terminei algumas prosas, vazei alegre pelo evento e triste pela segunda-feira que estava por vir. Muito foda, valeu Mandinga Records e que outros destes venham pra alegrar nossas vidas tortas!

Fotos por: Renato Vital

Este escrito foi feito ao som de Figueroas


4.5.15

Garrafa Vazia - Back to Bacana (2015)



Garrafa Vazia é uma banda ativa e conhecida ali da cena underground do interior paulista, que já figurou por algumas vezes neste seboso espaço virtual e que volta com o seu novo trabalho, o disco "Back to Bacana",  que perambula pelos becos obscuros do subterrâneo sonoro desde o final do mês de março.
A bolacha conta com 8 cantigas, na pegada já conhecida deste trio formado por Mário Mariones (voz e baixo), Hebert (voz e guitarra) e Vadio (backing vocal e bateria), punk rock 77 com fortes influências do ambiente interiorano. Bailante do começo ao fim, em pouco mais de 12 minutos a banda mostra o humor visceral de sempre (marca dos cabras), refrões que grudam e cachaça pra honrar o nome do conjunto musical. Destaque para as músicas "Back to Bacana", "Viva o Irracional", "Incurável Coriza" e "Hard Rock no Pesqueiro", para a maravilhosa arte de capa que leva o rabisco do raparigo Luiz Berguer e pela incrível e rápida produção do disco, gravado em poucas horas no Estúdio Pé de Macaco S/A
Então é o seguinte, se você gosta de punk rock tradicional, de farra com as amizades e leva a vida sem muito compromisso, a ideia e a mensagem desse disco vai refrescar a sua goela e deixar a sua vida mais torta. Ouça!

Página da banda: Garrafa Vazia

Ouça o disco "Back to Bacana" aqui: