25.7.19

Wi-Fi kills - Synchronized Errors (2019)




Voltando aqui nesse espaço depois de passar uma semana preguiçosa criando calo nas nádegas e me atualizado com o chorume do noticiário nacional, uma ótima novidade chegou em meus ouvidos. O novo trampo da curitibana Wi-Fi Kills saiu e algum infame que não irei lembrar, mandou no zap em alguma hora da madrugada. Numa insônia básica que costuma me visitar por volta das 2 da matina, tirei essa fadiga que arde olhos e me faz beber litros d'água pra ouvir o disquinho. A banda eu conheci através do Pedrim (aôôô maconha braaaaba) da Mandinga Records. Logo de cara curti o som e coloquei debaixo do braço como se fosse o meu jumbo diário, pois esse lance meio futurista que é inserido na banda, misturando com o garage rock/proto punk achei genial demais. E ouvindo Synchronized Errors na madruga, a percepção foi de sacar sons maravilhosamente dançantes, rock do jeito que eu gosto, criativo. 
O registro conta com onze cantigas que faz sacudir ossos e desorientar a coordenação motora, e com referências e influências do que há de melhor dos estilos citados nas linhas anteriores. Banda pra tá em qualquer bimboca desse subterrâneo sonoro, em fests pequenos e grandes, e assim, todas as músicas desse disco são fodas, posso toscamente considerar o álbum branco de 2019 até então. Isso aqui é pra mostrar pra sua avó que costura seus patchs e pra sua irmandadezinha de sangue que não larga o celular e está infectado pelo mal do século: o rap acústico. Envie isso pra 10 contatos e uma notícia boa surgirá em 10 minutos em sua vida.

Ouça aqui:


10.7.19

Vida Ruim - Onda da Morte Retrocesso (2018)



Na fila do pão hoje cedo, com o amargo na boca e ardor nos olhos, fiz o trajeto com o meu tradicional fone nos ouvidos, cara fechada e sentindo nada, nada além de querer pegar pães quentes para o meu café. Nessa toada da ida e volta, fui escutando uma banda que aprecio muito, Vida Ruim, de Curitiba.
O disco em questão chama-se Onda da Morte Retrocesso e apresenta um punk catastroficamente dançante em seis cantigas intensas e raivosas. Riffzinhos cafajestes que grudam e fazem você voltar e colocar no modo repeat, um vocalista que grita parecendo que tá gargarejando pra ensaiar naquele estúdio que exala cheiro de mofo com baygon. Mas um dia você morre também é a minha preferida desse disquinho maravilha, e se você carrega o espírito do punk-fakinha dentro de si, esse som e essa banda é pra você, decadente de meia idade que bate ponto num emprego de bosta pra poder beber com os amigos, ouvir um som e criar um submundo paralelo à essa loucura em que estamos inseridos. Banda foda, sem mais!


ouça aqui


2.7.19

Sendo Fogo - Sobreviver e Lutar - EP (2018)



"Tô cansado dessa porra 
de toda essa bobagem
alcoolismo, vingança, treta, malandragem
mãe angustiada, filho problemático
famílias destruídas, fins de semana trágicos
o sistema quer isso, a molecada tem que aprender

Começo o texto com esse trecho do Racionais, pois além de ouvir os caras quase todos os dias, me deparando com a Sendo Fogo, banda da quebrada de São Paulo, esse verso veio em mente e eu digo a razão disso. O hardcore agressivo feito pelo grupo formado por Robinho (guitarra e vocal), Diogo (baixo e vocal) e Alemão (bateria) com letras que denunciam o cotidiano violento da periferia lembram muito a agressividade das letras dos raps dos anos 90 e isso pode ser conferido no EP que os cabras lançaram no final do ano passado. Com onze músicas que exploram o hardcore/punk com boas pitadas de fastcore, Sobreviver e Lutar relata também o momento político atual, como pode ser notado nas faixas Idiota e Inimigo Interno. Com integrantes de bandas como Pode Pá, Discurso de Pobre e Western Day, o som da banda lembra alguma coisa ali do Ação Direta, a mescla de letras fortes e hardcore sem massagem. Sonoridade cabulosa e outra coisa que curti foi a arte da capa do registro, uma colagem bem interessante arquitetada por Léo Darumaman. Sem mais delongas, ouça o esquema logo abaixo e prepare as articulações dos calcanhares, pois eles não vão parar de seguir o ritmo da bateria. 

Ouça aqui:


1.7.19

Faux - S/T (2019)



Passeando dia desses pelo feed do facebook, me deparei com um post do Villaverde (Ornitorrincos e grão mestre varonil do nosso submundo sonoro) de uma banda que pra ele era uma das melhores que tinha escutado ultimamente. Bom, liso que sou, salvei o link em meu bloco de notas pra ouvir numa boa oportunidade. Fiz isso.
A banda em questão chama-se Faux, é novinha na cena de São Paulo e faz um punk com misturas de new wave e pop punk. Formada por Tatiana Sanson (vocal e teclado), JP Zeitlin (guitarra), Andrea Azambuja (baixo) e Pedro Carvalho (bateria), a bandinha soltou um registro há poucos dias e que conta com sete canções. Numa pegada que me lembrou alguma coisa entre XRay Spex e Buzzcocks, e também me remeteu sons do naipe de Baby Ghosts e Masshysteri, a sonoridade é poderosa e envolve desde os primeiros acordes, bom de ouvir dando um rolê de bike ou numa boa reunião vagabunda entre amizades. Com letras em português, francês e inglês, destaco as cantigas Mon Cher, Mirror Mirror, Embaixo dos Panos e Meu Silêncio. Banda maravilha que tá favoritásso aqui no play desde o fim de semana passado e que punk fakinha nenhum vai botar defeito. Ah... a capa do disco tá muito foda também. É isso. Escute, indique e espalhe as boas ondas sonoras. 

ouça aqui:

26.6.19

TEST - O Jogo Humano (2019)


TEST é a banda (ou duo como preferir) que não cansa de surpreender quem ouve ou assiste uma de suas apresentações submundo afora. Conheci a banda por conta de uma mensagem do João Kombi me mostrando seu novo projeto, aquele Web EP Jesus Doom e desde então acompanho tudo que essa dupla faz de forma muito original, excêntrica e agressiva (claro)
Dessa vez, voltando a escrever, tive a sorte de me deparar com mais um material inéditos desses bons cabras, O Jogo Humano e foi apresentado por amigos e posteriormente pelo próprio João. Passei dias ouvindo, antes de alguma discotecagem ou antes de algum almoço que eu faria. Bom, a impressão que eu tive é que a banda está cada vez melhor, comendo grindcore e vomitando black metal/crust com aquela pegada gostosa do cavalo manco (que quem ouve sabe do que digo). João & Barata são revelantes, inovadores e essenciais pra música que circula fora da bolha. Ao longo das 10 cantigas, os ouvidos absorvem densidade sonora, rapidez eloquente e técnica bem orquestrada, chegando mais uma vez num resultado deliciosamente inquietante, que causa uma boa confusão mental abstrata, aquela coisa que você não sabe explicar, mas que sente de forma intensa, que faz querer ouvir mais e mais. Com uma sonoridade orgânica e ao mesmo tempo suja e com reverbs, experimentalismo em sua maior definição, música extrema sem soar chato ou repetitivo. Falo da versão que ouvi do bandcamp, mas tem uma versão feita pra sair em k7 e lançada pelo selo Contra Boots e que tá maravilhosa também. Sem mais delongas, aqui está mais um registro monstro de um dos duetos mais infames dessa esfera antimusical. Foda!

Ouça a versão bandcamp aqui:

ouça a versão K7 aqui:

25.6.19

Dead Moro




Através de uma fonte anônima, que me reservo no direito de não revelar, recebi em meu escritório o som de uma banda nova da república falida de Curitiba, que se autodenomina Dead Moro. Ouvindo os áudios, cinco no total,  desse grupo que diz residir no bairro de Água Verde, pude verificar a autenticidade da interceptações obtidas em estúdio, hardcore aos moldes dos anos 90 com colagens sarcásticas que lembra ali coisas do Mukeka di Rato e conjuntos semelhantes. Sarcasmo, ironia, protesto e indignação, pra cutucar o herói de uma massa fascista que sucumbe a cada minuto nesse país. Sergio Moro, continua negando ou fugindo das denúncias ali apresentadas, da morte de Marielle Franco ao cidadão de bem que se esconde atrás de uma camisa amarela de uma seleção falida. Fascismo, racismo, machismo, homofobia, ódio de classe e tudo mais um pouco está presente nesses maravilhosos áudios, pertinentes pro momento e fortes pra resistência do nosso underground. Bela banda e belo registro, ouça!

ouça aqui: 

24.6.19

ASTMA - Ghosts - EP 7'' (2019)



Afastado daqui e com uma certa preguiça de tirar minhas mãos do sedentarismo sobre os teclados, resolvi re-organizar este podre espaço. Precisei de um afastamento mental e prosseguir com outros projetos. Pois bem, estou aqui tentando mostrar bandas novas e legais que andam surgindo nessa cena roquista-torta. 
Meio travado nos ditos (mas não nos ouvidos), relato minhas impressões sobre a banda conhecida como Astma. De São Paulo/Belo Horizonte para o submundo cinza do post punk, o grupo/conjunto/gang caiu em meu conhecimento por conta de algum post de algum integrante da banda, possivelmente o Xopô (cordas finas do grupo). Tá, num primeiro momento passou batido, muito provável que por conta de outros focos. Mas o hd mental do doido do jipe aqui ainda dá pro gasto e lembrei de ouvir o som da banda em algum repouso por conta de alguma ressaca maluca. 
Deixando os detalhes desnecessários de lado e falando do sete polegadas lançado esse ano pelos selos Pelicano Discos e Thrash Unreal Records, a sonoridade contida nas quatro faixas é uma fusão do post punk oitentista inglês com o darkwave americano, deixando tudo naquela estética gótica muito bem trabalhada. Registro maravilhoso, pra quem gosta do estilo é certeza de um modo repeat eterno até perder o juízo, que poderia ser dito que é uma espécie de mantra sonoro. A arte da capa fica por conta do Flávio Bá, que também é o responsável pelas cordas grossas da banda. O restante do quarteto é composto por Fernando Chero na bateria e Camila Martins nos vocais. É só ouvir, vai por mim.


ouça o EP aqui:

24.4.19

Abismo - Fragile Wounds // Last Time (2019)


Abismo é umga banda de Brasília que conta com membros de bandas importantes do nosso subterrâneo, como Violator, Ameaça Cigana e Possuído Pelo Cão, pra citar alguns bons exemplos. Pois bem, em março passado o quarteto alucinado lançou o "Fragile Wounds//Last Time", que conta com duas cantigas que lembram muito a atmosfera sonora do rock psicodélico setentista. Claro que ouvindo com calma e com a sagacidade de um garimpeiro sonoro, vários estilos numa só canção pode ser notada. Passeando pelo stoner real, pelo do alternative rock noventista, a psicodelia louca do rock garageiro setentista e nunca deixando de lado as influências do proto punk cru e direto. 
Fugindo bastante da sonoridade doom do disco anterior (All Beyond Perception) a coisa toda soa mais limpa, ora lembrando algo desértico, ora lembrando que você precisa fumar aquele prensado vindo lá do Maranhão pelo hippie que vagueia pelas dependências da UnB. O triste aqui que é pouco, curto, ligeiro, um trago rápido de cigarro barato no terminal em horário de pico, mas a indicação é mais que animadora, pra ouvir em qualquer ambiente e bater uma certa nostalgia da juventude sucumbida pelos compromissos de uma vida adulta. Ouça, espalhe e propague o som sem encaixe, resultado de amizades sinceras e intensidades sem receios. Registro lindo, obrigado Poney, Pícaro, Luiz e Stefano.

Ouça aqui



18.2.19

Deep Sleep e a onda viciante de criar/compartilhar playlists

Não é de hoje que quem me conhece mais de perto, sabe que eu gosto de tomar o controle do som nas festas particulares. O esquema é tão sério que se alguém não danar comigo, fico ali até o rolê morrer. Nessa onda toda, revolvi criar um esquema de playlist pra compartilhar sons com minhas amizades e quem mais interessar. Falei disso, pra citar outro esquema massa que foi bastante inspirador pra minhas ideias sonoras. Falo do deep sleep, projetinho mais que firmeza do Pedro Poney (Violator/Abismo) que consiste em montar playlist de sonoridades variadas, sempre com um bom textos e fotos maravilhosas da Helena Peixoto. Costumo ouvir fazendo algum rango ou quando quero ter alguma ideia pra escrever algo, sempre me inspira de maneira positiva, deixando o ambiente leve e agradável. Eu piro tanto nesse tipo de conexão (considero esse tipo de compartilhamento sonoro como uma espécie de conexão entre pessoas e espaço) que criei uma pessoal chamada MassaFina.

Voltando pro deep sleep, essa maravilha disponibilizada no mixcloud segue uma variação do rock de qualidade(punk/post punk/folk/psicodelia) com música brasileira e coisas mais, sempre ampliando e abrindo horizontes para músicas, bandas e artistas que não conheço, o que acho muito louvável, sem falar que a parada é feita pelo Poney, que dispensa apresentações por aqui, mas que vale ressaltar que é um belo ser pra trocar uma ideia e fumar droga. Quem interessar em ouvir, abaixo deixo alguns volumes já disponibilizados. Vai na fé e sem também!

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29.1.19

Ruína - Autofagia - EP (2018)



Voltando com mais uma resenha podre sobre algum disco infame, o blog define que volta frenético com as postagens pra incomodar, estragar as crias da família tradicional e tentar ao máximo propagar a cantiga ligeira do subterrâneo feita neste país. Pra começar bem o rebuliço sonoro, apresento-lhes uma bela banda da nova safra da cena de Recife, estou falando da Ruína
Com o seu primeiro trampo lançado em dezembro do ano passado, um epêzinho que leva a graça de Autofagia, conta com seis músicas que exploram esse submundo do extremo sonoro, explorando o crust/sludge com forte influência do hardcore/punk. Ouvindo o som por algum streaming disponibilizado pela banda, absorvi uma sonoridade crua e densa, pesada pelas passagens e referência ao metal e direta quando fonte bebida passa a ser o hardcore. Tinha algum tempo que não ouvia essa pegada de som, e ouvindo repetidas vezes esse registro confesso que o peso do grupo afetou minha audição. Descansei o ouvidor por alguns dias e voltei a buzinar o play lá no bandcamp, pra poder concluir de forma mais sincera as minhas impressões. E o que eu digo é que se você chegar desavisado leva uma surra sem ter apanhado, por conta da agressividade passada em cada acorde, cada sapecada na bateria e em cada vociferada (que parece que tá com um arame farpado garranchado nas cordas vocais) do vocalista, destacando as faixas Autofagia, Fria Navalha e Verdade
Taí, pra começar o ano com novidade boa, o som da Ruína é uma ótima dica pra quem se liga no estilo e também pra quem tá atrás de coisas novas e de qualidade. 


Ouça aqui:

15.1.19

Gin, Racionais e Satanás

Começo de ano, energias revitalizadas pra suportar esses tempos sombrios que permeiam os nossos meios e resolvi voltar mais ativo com o blog, que nesse 2019 completa dez anos de pura tosquice. Sexta passada rolou um evento-chamego em uma das novas casas da cidade, a Monkey. Devidamente programado pra bater o ponto no baile que levava o singelo título de Possessão Diabólica, logo pela manha cheguei  em minha jega (aka sala de trabalho) e desde as primeiras horas da sextinha o roteiro completo da algazarra era planejada de forma frenética nos grupos do zap em que participo. Como já tinha um tempo que a minha pessoa não dava o ar da graça nos eventos mais undergrounds, a expectativa em rever pessoas, sentir o clima do ambiente e ver de perto as bandas escaladas pro rolê era grande. Bom, terminado meu expediente, o combinado era fazer um esquenta ouvindo um som e bebendo bons drinks de gin. Compra água tônica, compra limão, compra gelo, prepara a bibida, bebe, volta a preparar, bebe novamente. E assim foi o ritual antes de chegar no local da comunhão.
Peguei um Uber com mais dois meliantes e partimos atrás da caminho do canhoto. Chegando na porta percebi que o estabelecimento de diversão roquista era bem ajeitada e aparentemente agradável aos meus lindos olhos. Depois de uma breve identificação na portaria, bêbado e de corpo aberto, fui cumprimentar o Bacural, que comandava as cantigas no esquema vitrolinha de um lado e um celular do outro. Entre um Seek & Destroy do Metallica e um Isto É Olho Seco do próprio Olho Seco, peguei uma ampola de 600 ml com um preço bem justo e sentei numa das mesas espalhadas pelo espaço externo do pub. Conversa aqui, cumprimenta ali, bebe acolá e começo a observar o lindo pessoal que aos poucos lotava o espaço. Entro na salinha pra sacar pela primeira vez o som da Sömbriö, e gostei muito do que vi. Metalpunk com umas pegadas de crust e bateria de cavalo manco,.Paulim com o seu visu que lembrava os cabras do Destruction em fase inicial, sapecava a mão na guitarra e gargarejava bonito, enquanto o Rubens empenava bumbo, caixa e pratos. Fernando, um dos baixistas que a banda possui, lapidava as cordas grossas como se estivesse esculpindo lenha no machado. Bela apresentação que abria os trabalhos da noite. Fui pra fora pegar um ar e tomar bibida, enquanto alguns olhares tortos direcionavam pra minha vestimenta (camiseta do Descendents). Poderia ter ido com alguma camisola do Hellhammer ou do Exodus, mas não tenho e o que restou foi essa, pois a peita do Twisted Sister não estava devidamente limpa. O que tinha de gente com cinto de bala no local era de impressionar, a munição que segurava as calças coladas dava pra tomar Marzagão inteira de assalto. No som, o deejay intercalava um Ratos de Porão e Sarcófago, quando chegou em meus ouvidos a informação de que teria um remix de algum discurso do Bacural em mp3. Fiquei esperando, não rolou e logo fui prestigiar a segunda banda da noite, a Dead Meat. Com nova formação em power trio, Gustavo & Cia dichavava o seu thrash metal da forma mais agressiva e crua possível. Sabe ali o Sepultura do Bestial Devastation? Então, a pegada foi essa e percebi que o público gostava do que via. Regulagem no talo, som pesado e eu me sentindo um headbanger tropical no ambientinho fechado.
Já do lado de fora, tocando um misto de Judas Priest e Iron Maiden, fui ao banheiro descarregar o líquido armazenado, e todas as vezes era um combo de 3 a 4 pessoas saindo ao mesmo tempo do toalete, não entendi bem, mas imagino que era o aperto de fazer as necessidades (pensei). Já completamente louco, mas ainda consciente, notava alguns rôustos novos e que tive a curiosidade de conhecer. Com a fome querendo manifestar, descolei umas onion rings e chamei um amigo pra dividir a iguaria comigo. De bucho cheio, carreguei a cartucheira de bibida e a cada sentada era uma munição a menos. Já com os olhinhos de peixe morto, fui sacar o som dos amigos de Brasília da Malicious Intent. A desenvoltura de Pícaro nos vocais era digna de colocar muitos frontmans no bolso. O death/grind da banda é brabo e bem orquestrado pelo quarteto, que no começo estava com a regulagem das cordas finas e grossas um tanto baixo e que foi ajustado depois de um toque que uma mina deu pra rapaziada. Não conhecia o som e interessei depois da apresentação pra saber mais sobre a banda que leva o nome de uma musiquinha do Napalm Death. Quando começou Troops of Doom do Sepultura lá fora, a metaleira toda fazia um grande coral emocionado. Aproveitei também pra passar os olhos nos merchans disponíveis e tinha uma variedade legal de materiais, vestimentas e demais artigos subversivos. Com alguns acordes começando ao fundo, fui ligeiro pra ver de perto a apresentação da clássica Desastre. Com uma nova formação que eu não me lembro de ter visto em ação, a banda passou por sons antigos e músicas do recente EP Vasto Deserto. Apresentação clássica, como sempre, que me fez sentir numa espécie de atmosfera punk oitentista. Vez ou outra meu pobre corpo era ferido por algum bracelete com pregos, isso me fez ficar mais ligado em possíveis rodas dentro daquela salinha. Do lado de fora, o clima estava maravilhoso ambientado por clássicos do metal nacional, que iam de Harppia até Taurus, deixando a nostalgia aflorar nos corações daquela gama de gente de preto. Bom, passados alguns bons minutos ali num bolinho de roda, era anunciada a abertura dos portais do inferno, pois a Flageladör (primeira vez em Goiânia) estava prestes a destilar o seu thrash metal com cheiro de enxofre. Adentrei na sala e minha pressão deu uma leve desregulada por conta da forte presença de satã naquele espaço. Logo de cara notei as vestimentas dos integrantes, e me chamou a atenção os brincos de cruz vermelha invertida que o baixista usava, além dos braceletes, resgatando a estética do estilo lá nos perdidos dos anos oitenta. O vocalista Exekutor, que se apresenta com um capuz em clara referência ao Sodom disparou clássico atrás de clássico da banda naquela noite/madrugada, com o púbico cantando, pogando e delirando. Fiquei mais no canto curtindo o peso da banda e em determinada hora em que eles tiraram os acordes de Assalto da Motoserra, me senti na atmosfera do SP METAL, tudo feito de maneira intensa e real. Diversão, ritual e reverência à esses profanos do som acelerado, foi o que eu absorvi ao final da bela apresentação, fechando a noite das bandas e que prosseguiu com a discotecagem, que nessa altura passeava entre a new wave, Billy Idol, The Clash, Ramones, e fechando em grand finale o esquema todo, o DJ atendeu a pedidos e terminou o baile com Jorge da Capadócia/Capítulo 4, Versículo 3 dos Racionais. Nem preciso dizer que fiquei emocionado, e que voltei pra casa completamente satisfeito com tudo que vi.
O Saldo final do rolê foi: bela noite em prol do metal profano, evento muito bem organizado, ambiente bom, muitos elogios para a Monkey, desde o espaço, passando pelo preço das bibidas. Espero que dure por muito tempo e que mais eventos dessa natureza volte a acontecer na cidade. Em tempos tenebrosos, andar ao contrário e resistir à sua maneira torna-se mais necessário pra que possamos construir os nossos submundos paralelos em meio à tanta repressão e ignorância. Estamos vivos!

3.1.19

Transtorno Nuclear - Hazardous Aggression (2018)


Depois de purificar o corpo com muito álcool pra receber esse novo ano complicado que já está aí, retorno mais podre e agressivo com o blog, que nesse ano completa 10 anos de muita tosquice. Pra abrir bem esse esquema, apresento-lhes o som da Transtorno Nuclear, bandinha de thrash maloca lá de Brasília que conheci num post do Camilo (Damn Youth). Ouvi, gostei e resolvi escrever alguma doidice por aqui.
Ouvindo Hazardous Aggression com calma e com o ouvidor devidamente limpo com cotonetes de marca barata, a sonoridade bateu tanto que me senti em alguma atmosfera podre dos anos 80, rodeado de latões de lixo, ratos, headbangers e entulhos. Esses joviais desajustados, crias de Violator e afins, levam à serio o esquema do thrash/crossover oldschool, sapecando o chicote no asfalto em seis cantigas muito bem orquestradas. Ouvindo o play, parece que as entidades do cinto de bala adentram em seu corpo, e mesmo que você esteja em seu quarto deitado,  o tremelique de pernas e dorso é inevitável. Como sou da cidade do césio, o nome da banda e a temática das letras me chamaram a atenção também, assim como a arte da capa que leva a assinatura do Mike Knight. 
Enfim, pra abrir os trabalhos à mando de Tranca Rua e Exu, começo com essa maravilha de banda e registro, que eu tenho certeza que você vai pirar logo de primeira, então fume aquela pedra na lata pra colocar mais pressão e paranóia na hora de ouvir essa paulada do thrash da nova geração do esgoto subterrâneo sonoro. Ouça e espalhe!

Ouça aqui: