26.2.12

Soulfly em Goiânia, relatos de um mero fã

A importância de Max Cavalera para o metal mundial não é algo que se discute. Houve um momento em que Jonathan Davis, do Korn, perguntado se acreditava em deus, disse que sim e que ele se chamava Max Cavalera. O excelente site Wiplash chamou-o Villa Lobos do metal. Meu brother Rainer Sousa (@rainersousa) descreveu-o no Twitter como "marmota albina jamaicana", mas que ainda "canta muito". Enfim, não existia pra mim a opção de não ir ao show do homem, ainda mais aqui em Goiânia, onde pouco acontecem shows dessa magnitude. O último, acho, foi o Megadeth no mesmo Sol Music Hall, onde se apresentou parte da família Cavalera. Digo parte porque, além do Max, tocou na bateria seu filho Zyon, hoje com 18 anos. Percebe-se que a idade está avançando em sua cara quando você se lembra de fotos desse rapaz ainda bebê, com uma suposta tatuagem de dragão no braço com o pai. Também participaram o Iggor (filho mais novo de Max) e Ritchie, que suspeito ser enteado de Max. Definitivamente não era o de "Menina veneno".
Max com Iggor,  seu filho, à esquerda parecendo o Eminem
e Ritchie à direita, parecendo um Hanson.
Não tinha grandes expectativa desse show. Esperava uma apresentação boa, com algumas músicas do Sepultura e muitas do Soulfly. À boca miúda, corria que seria 50-50 e também que seriam 2 horas de show. Nem uma coisa, nem outra. Foram 1:40h de show e mais Soulfly que Sepultura, o que, digamos faz muito sentido. Nos vídeos que eu assisti do Max no Youtube, vi um guitarrista que usava a guitarra mais como um colar, daqueles de tribo que ele geralmente usa, do que propriamente como uma guitarra. Além dos dentes faltantes (uma sensação indescritível de decadência droguística) e do excesso de peso em pouquíssimo tempo, uma tal Síndrome de Bell o atacou agora que ele chegou de uma tour da Austrália; uma doença que paralisa metade do rosto. O cara está piscando um dos olhos com ajuda do dedo, só pra se ter uma ideia. Então é natural que eu esperasse um show como a fala fofa do Max antes de por uma prótese dentária. Qual não foi minha surpresa ao ver o Soulfly com um guitarrista ativo!, tocou quase todas as músicas e quando não tocou fez até sentindo, porque valorizou seu poderoso vocal. A regulagem do show estava ruim, a guitarra de Marc Rizzo, o guitarrista capoeira, e diga-se, excelente guitarrista, estava bem mais baixa que a de Max, o que não tinha lógica alguma. 
Uma expectativa que eu tinha e que se concretizou foi a inexperiência de palco de Zyon. Apesar de segurar bem na maioria das músicas, o menino errou feio em algumas. Ele errou "Inner Self", do Sepultura de 1989! Isso corresponde a se esbaldar de comida em uma orgia com freiras pagas com dinheiro sovinado. Ou seja, sacrilégio triplamente qualificado! Aliás, o menino foi bem criado pela Yoko Ono do Sepultura, Glória. Ele só errou nas músicas do Sepultura. Demorei 16 segundos pra reconhecer "Refuse/Resist" com a cagada que ele fez no começo. Não gostei do Zyon na bateria em Goiânia e do Igor Cavalera em São Paulo. Parece que a gente viu show com um reserva.
Tony Campos, baixista do Soulfly, candidato a Kerry Link do 
Slayer com essa barba, tomando uma breja honesta que não 
estava para nós.
De qualquer forma, o show foi muito bom. Me diverti com as músicas antigas do Soulfly, do primeiro disco ("Bleed", "Eye for an eye", "No hope=no fear", "Tribe"), com outras de outros discos, como "Black the primitive" e com a música de trabalho World scum" do novo disco, "Enslaved". Mas sem dúvida, ver o vocalista original do Sepultura tocando "Arise/Dead embryonic cells", "Roots bloody roots" foi demais. "Aí, vamos tocar agora uma velha, do "Morbid Visions" (segundo disco do Sepultura) 'Troops of doom'". Não chorei porque estava perdendo muito líquido pulando e agitando com se eu tivesse 16, não 33 anos. Podia morrer desidratado, então poupei meus olhos. Afinal, hidratar-se com uma Devassa (a cerveja, claro) a R$ 5 é pra gente rica e eu, ao contrário, sou professor. Tomei umas oito e senti uma dor no reto por causa das notinhas de 20 voando. "Trouxe cem conto pra ficar bêbado, mas com essa cerveja de cabaré a 5 conto eu to indo de meia em meia hora pegar uma", disse meu amigo Natal, fã inconteste de Sepultura, Soulfly, de Max Cavalera e editor de um dos melhores zines virtuais que eu frequento, o Paranoid Zine.
Max Cavalera em coletiva de imprensa segurando um papel 
com os dizeres: "Eu acesso  o blog licor de chorume!!!
Foto por: Stefani Costa
Infelizmente eu não pude chegar mais cedo para assistir ao Kamura (grande banda dos brothers Ícaro e Marlos Japão) e ao Claustrofobia. Esta inclusive lançou um CD recentemente, "Peste", que é do caralho, fora um samba de sete minutos (eu disse sete minutos!!!), que eu acho que é a faixa 4. Me disseram que os shows foram massa. Agora tem uma galerinha em Goiânia fazendo biquinho pro Kamura e dizendo que os caras não deveria estar lá, coisa e tal. Só digo uma coisa, se fosse eu que tivesse fazendo  o show, poria a banda que eu quisesse, inclusive o Sangue Seco, que é punk e não tem nada a ver com esse show. Povo desocupado... vai montar banda, vai escrever resenha, vai cascar um bambu pra enfiar no toba! O Kamura merecia e muito estar lá. Não é meu estilo de som predileto, mas o povo é honesto, a banda é boa e nesse show um dos membros estava envolvido na organização do evento. Ou seja, calem-se invejosos do capeta mal falado.
Paguei 110 pilas pra ver esse show. Grilei da Sangre ter soltado ingressos a 65 num site de compras coletivas depois de eu já ter adquirido o meu, mas fazer o quê, tava com medo de pagar 130 pelo terceiro lote, uma vez que eu tinha perdido o primeiro, de 80.
Sei que estou com a alma lavada, com as pregas vocais destruídas de tanto urrar as músicas do Sepultura e com o corpo inteiro e ileso, afinal, estou fazendo karatê e tenho muuuuuito vigor, como dizia o velhinho da propaganda do motel. Valeu a pena demais, iria a São Paulo hoje ver de novo, se não fosse professor e, consequentemente, miserável.



Resenha escrita por Guga Valente (@profgugavalente), professor, guitarrista das bandas Sangue Seco e Ímpeto, blogueiro e colaborador infame em horas inoportunas para este blog.

20.2.12

Ação Positiva - Demo (2012)


A empenagem continua. xNegretex, o Dalsin candango mais elegante daqueles cantos está com uma nova banda, Ação Positiva (banda de hardcore de Brasília), que vem com a mesma pegada de uma outra banda que o cabra manteve e que deixou saudades nos corações dos sebosos, falo do Nossa Escolha. Nessa nova empreitada, o bonito está nos vocais e conta com a colaboração de Carlos na guitarra, André no baixo e Allãn na batera. Os lyndos acabaram de soltar uma demo que contém 3 cantigas (uma versão para "A Indústria" do Nossa Escolha) e segue os moldes do hardcore oldschool sincero e com mensagens positivas. Uma boa pedida para os sXe de plantão, fãs de X-Acto, Youth Of Today, Bad Brains, 7 Seconds e demais bagaceiras. Beyjos e até mais, queridxs!

Myspace: Ação Positiva (Não...)

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18.2.12

Test - M' Boi Mirim - EP (2011)





Acho que xs infames leitores (se é que tem!) desse maldito e inútil blog já devem conhecer o Test, se não, só digo uma coisa, vão se lascar lá na casa da besta-fera! A dupla musical mais desgraçada e não menos Rivotril+Whisky (vide o caso dos dois filhos do seu chico) composta por João da Kombi ou Jão (Are You God) e Baratatatatatatatatatata (D.E.R. e outras cabarézagens) possuem o conjunto mais delicioso da desgraça sonora nacional. Shows surreais que te deixam sem rumo e completamente boquiaberto (quem viu a passagem deles aqui por Goiânia, sabe do que estou tentando transmitir), deixando-te com a sensação de que o apocalipse está ali, há 5 metros de distância, em forma de 1 guitarra, 1 bateria e uma boa dose de blasfêmia de black metal que rouba crânio em cemitério. "M' Boi Mirim" é um EP de 2011 e contém 5 lyndas cantigas, sucessos como "Antes Do Fim" e "Mão de Ferro" já estão na boca da galera e sendo tocadas nas principais rádios comerciais do país. Coisa lynda de Jah, me caguei todo ouvindo esse disco e digo que façam o mesmo, o odor das fezes misturada com a velocidade das músicas dão uma sensação única, prazer surreal mesmo!!! Beyjos e um bom carnaval cachaça!

Myspace: Test

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14.2.12

The Renegades Of Punk & Mahatma Gangue - Split (2009)




Disco lindo, duas bandas lindas, cantigas lindas, o nordeste é lindo, tudo é lindo quando se trata de The Renegades Of Punk e Mahatma Gangue. Os dois conjuntos harmoniosos dividem esse belo split de 2009, 3 cantigas para cada banda. Punk, melodia, surf music, letras boas e a certeza de que o simples também pode ser fudidamente goxtoso e excitante. Power trios que fazem o ego de Sting com o The Police, a atitude dos Beastie Boys, o virtuosismo do Muse e a simplicidade de Trio Parada Dura irem para o ralo do banheiro de rodoviária sem dó nem piedade. Coisa linda de Jah esse registro e se a sua vida anda uma merda, se tu anda sendo um escravo do sistema por conta do monetário nacional, ouça isso e amenize essa agonia interior e a pressão externa para que tu seja alguém de valor para essa sociedade falida. Só lembrando, The Renegades Of Punk é de Aracaju-SE e o Mahatma Gangue é de Mossoró-RN, tá certo, meu joiado? Beyjos e até mais ver!



Myspace: Mahatma Gangue

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9.2.12

Cólera - Ao Vivo em Joinville - k7 (1987)




Isso é raridade, né truta! Tipo assim jão, é demo tape do Cólera, registro de 1987, gravado ao vivo em Joinville e conta na discografia da banda como um bootleg em k7, como pode ser visto nesse link do wikipédia. Os clássicos já conhecidos como "X.O.T.", "Palpebrite", "É Natal", "Vivo Na Cidade" e tantas outras estão contidas nesse lyndo registro. Ao todo são 17 faixas e de uma qualidade de áudio excelente. Esse aqui vai para os fãs da banda (claro!), vai para o Redson, vai para todxs que mantem a chama do punk acesa em suas vidas. Obrigado imensamente ao blog demo tapes brasil por ter disponibilizado essa raridade. Beyjos e até mais!

Myspace: Cólera

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6.2.12

Cidade Cemitério - Asa Morte (2012)




Cidade Cemitério é de Brasília-DF. O conjunto é formado por Jully nas cordas grossas, Poney nas cordas finas, Daniel nos tambores, pratos, bilros e Manga nas cordas vocais tratadas com casca de romã. Nesse início de ano, o conjunto baila com o seu novo e primeiro registro, o álbum "Asa Morte". Talvez tu não entenda bem o nome da banda e o título do álbum, mas só quem tem uma relação mais estreita com a capital desse país é capaz de saber a representatividade que esses nomes possuem. Brasília, cidade planejada para girar a engrenagem do sistema nacional, poda suas pernas com a foice invisível, mascarada pelas ruas largas, pelos lugares longíquos, pelos carros acelerados e pela falta de contato humano, cidade erguida para poucos, na qual muitos ficam às margens dos rabiscos de Niemeyer, nordestinos, negros, sofredores e esperançosos de que algum dia a luz clareie melhor as sombras de suas vidas, embaçadas por esse sistema-morcego. E é nesse contexto que o disco do Cidade Cemitério gira, hardcore/punk com letras que te fazem pensar se é esse mundo, essa sociedade que queremos, com seus preconceitos, suas violências, suas intolerâncias e suas hipocrisias. Esse disco é pra você negro que é oprimido pela polícia (máquina opressora  que produz depressão e sofrimento), é pra você mulher que não pode andar sossegada com seu short curto pelas ruas da cidade, é pra você gay, nordestino que é espancado por amar diferente, por ser brasileiro de sotaque lindo, esse disco é pra você que não se encaixa nos padrões da família tradicional constituída, nos padrões da igreja, na ditadura da televisão e mídia, é pra você que não se conforma com as pessoas que te cercam, esse disco é pra você que ama, sentimento que Brasília e os concretos do planalto não oferece de forma gratuita. Ouça o disco aqui.


Myspace: Cidade Cemitério (não...)

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4.2.12

Overdrive - Discografia



Overdrive é uma banda punk oriunda da periferia de Petrolina-PE. Surgida em meados de 2007, a banda sempre teve a proposta de manter a chama do punk acesa através do som agressivo e com letras que retratam a realidade cruel vivida pelos mais oprimidos. Libertária nas letras e atitudes, a banda é radicalmente contra o racismo, machismo, sexismo, intolerância e qualquer forma de nacionalismo disfarçado de fascismo, esses cabarezêros são os verdadeiros ratos de esgoto do sertão que sobrevivem no underground. Os raparigos possuem três registros em sua discografia que está disponível logo abaixo desse texto tosco e só porquê hoje é sábado, sol chamando cerveja, rapariga que deixa o ônibus todo perfumado com o seu perfume da Abelha Rainha, vou passar uma simpatia pra você curar das malditas hemorróidas e assim poder sentar e escutar esse lyndo som nordestino. É o seguinte: tu vai ter que pegar talos e folhas de mamoneira roxa, ferva em três litros de álcool de posto, coloque dentro de uma bacia, despeje três gotas de pinho sol e faça um banho de acento por cerca de três horas (risos). Faça isso 3 vezes na semana, realmente cura e dificilmente volta. Boa simpatia e audição, beyjos!



Overdrive: Myspace


Overdrive - Por Um Mundo Mais Justo (2008)

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Overdrive - Desordem e Regresso (2010)

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Overdrive - A.D.R (2011)
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1.2.12

Hutt - Monstruário (2011)




Hutt é uma banda de grindcore oriunda de São Paulo. No ano passado os lyndos soltaram o disco "Monstruário", uma obra prima da atual música extrema desse país, 23 faixas que tiram o fôlego de qualquer "triatleta" do submundo tosco do underground, lançado pelo selo Criminal Attack e que põe de uma vez por todas a banda entre as melhores desse estilo no país. A gravação está das mais limpas, bem técnica, violenta e que dá aquela vontade imensa de ficar seboso, sem tomar banho e tal, só apreciando essa lyndeza de registro. Se tu ainda é paga pau de Napalm Death, Nasum (não que seja ruim...) e não conhece ainda essa beleza de conjunto (anti)musical, aconselho você primeiro a pegar dicas de uma boa simpatia para os ouvidos com Dona Cida de Ogum e assim ouvir em volume máximo essa deliciosa mistura violenta sonora. Boa audição, queridxs!!!

Myspace: Hutt

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