10.12.15

Listinha Infame das Coisas Legais - 2015







Bom negada doida, tá chegando o fim de ano, e tradicionalmente as listas de discos lançados neste ano começam a sair e causar um bom rebuliço nessa rede virtual. Não sendo diferente, e pela primeira vez arriscando em soltar algum tipo podre de relação de discos, splits, cassetes e afins, resolvi arriscar e deixar a preguiça de lado. Logo abaixo segue algumas coisas interessantes lançadas neste ano e que você, com certeza não vai encontrar na lista da Rolling Stones ou coisas do tipo. Do grind à lambada, fora de ordem alfabética e esquecendo de alguma coisa, a lista não define os melhores, e sim os legais que lembrei nesse ano e que gostei de ouvir. Obrigada.


Abaixo segue a listinha infame.
                                               
01.
SUB Reedição [Vinil Duplo]
Álbum: S/T
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Sobre: Reedição de um clássico máximo do punk nacional. E nessa nova prensagem conta com cantigas inéditas e versões diferentes. Tem escritos do Redson, retratos, recortes de zines..., enfim, é de emocionar do começo ao fim. Esta maravilha foi arquitetada pela Spicoli Discos / Nada Nada Discos.


02.
As Mercenárias
Álbum: Demo 1983 7''
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Sobre: Demo Tape de 1983 reeditada em formato 7 polegadas das incríveis Mercenárias. O esquema vem com fanzine, nostalgia e respeito por uma das melhores bandas nacionais de todos os tempos. Dama da Noite / Nada Nada Discos assinam o lançamento do esquema-bom.


03.
Dead Meat
Álbum: Massacre & Progress
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Sobre: Este pode ser considerado o melhor lançamento do underground goiano neste ano. A Dead Meat fez um resgate maravilhoso do Thrash Metal da velha escola neste EP cheio de maturidade e coesão. 


04.
ROT
Álbum: Nowhere
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Sobre: A lendária ROT voltou pro esgoto sonoro apavorando nesse EP. Grindcore da melhor qualidade pra passar o rodo nos ouvidos suaves da sociedade. Trampo mais que foda!


05.
Rodrigo Ogi
Álbum: RÁ
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Sobre:  Como eu gosto de rap e acompanho de perto o cenário, esse novo disco do OGI tá de arrepiar. Sucessor do clássico "Crônicas da Cidade Cinza", em "RÁ" o rapper mostra o seu arsenal de técnicas, rimas e melodias. Cronista quase que cirúrgico, esse disco já é outra lenda do cara. 

                06.
                Síndrome
                Álbum: Oito Minutos de Síndrome
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                Sobre: Banda que junta membros e passantes de bandas como     Abuso Sonro, Veneno Lento, Busscops, Eu Serei a Hiena e afins. Hardcore rápido e que pega referência da sonoridade clandestina paulistana do começo dos anos 2000

07.
Vida Torta
Álbum: S/T
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Sobre: Skate Punk da melhor qualidade lá de Canoas. Com certeza esse foi um dos registros mais surpreendentes que ouvi. Pelas letras, proposta, sonoridade e simplicidade. 


08.
Elza Soares
Álbum: A Mulher do Fim do Mundo
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Sobre: Elza Soares magnífica e poderosa nesse que foi um dos discos mais emocionantes que ouvi neste ano. Histórico desde o lançamento, o lirismo, a força mostrada por Elza, a potência de sua voz e de sua luz, fazem do disco um dos mais incríveis lançados nos últimos tempos dentro da dita MPB. 

09.
Futuro
Álbum: Hábitos Ruins
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Sobre: Disco maravilhoso dessa que é umas das minhas bandas prediletas do nacional. É hardcore, é punk, é garagem, é post punk sem soar copiado. Identidade sonora e coesão nas letras e melodias. E a Mila é uma das melhores vocalistas deste subterrâneo. Registro indispensável pra você rebuscar no HD da mente.




10.
Gulag
Álbum: Música de Prisioneiros
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Sobre: Hardcore com preço de liquidação, pra qualquer gente levar e apaixonar pela sonoridade que junta o melhor que foi produzido em DC 80's com boas doses de referências à garagem sessentista. Brasília e o submundo agradecem sem hesitar.



11.
Figueroas
Álbum: Lambada Quente
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Sobre: O Melhor lançamento de todos os tempos da Läjä (ao lado da TPM, é claro!) foi esse disco 12 polegadas que reúne o fino da cantiga popular dos anos 80 deste país. Givly Simons & Dinho Zampier butáro pra lascar nessa bolacha total-viciante. 


    12.
    Ímpeto
    Álbum: S/T
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    Sobre:  As estatísticas não negam, essa é a banda mais idosa do        hardcore goiano em atividade. E pra celebrar essa ode ao reumatismo, a banda lançou uma fitinha cassete nesse ano pra ficar nos arquivos do underground pequizeiro.




13.
Kaos 64
Álbum: Vivo no Inferno
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Sobre: A Contra Boots chegou pesado nesse ano com lançamentos de bootlegs em formato de fita cassete. E um dos destaques ficou para a fitinha do Kaos 64, clássico do punk paulista que emociona nesse registro intitulado "Vivo no Inferno". Ala idosa do punk chora dando desculpa de cisco nos olhos.


14.
Rakta em Transe
Álbum: S/T

Sobre: Este disco junta duas das melhores bandas do cenário underground paulista na atualidade. Rakta e Cadaver em Transe fundem e soltam uma sonoridade peculiar, post punk, hardcore e post hardcore de altíssima qualidade.



15.
The Pessimists
Álbum: In the Beginning there was...

Sobre: Contando com integrantes do Garage Fuzz e Futuro, a The Pessimists chega maravilhosamente nesse registro que explora de forma intensa o post punk com o pop punk. Lançamento em k7 pela OUTPRINT, ouça e tenha pra si mais uma favorit band em sua lista.


16.
Boogarins
Álbum: Manual ou Guia Livre de Dissolução dos Sonhos

SobreFritos e arrebatadores do sonho de vários roquers goianos, a Boogarins chegou mais pesado com o seu disco novo. Pra quem acho que viria algo mais comercial, senta na mesa do bar, coloque 1/4 na língua e derreta bebendo litrão de cerveja com as amizades.



17.
Crânula
Álbum: Human Savage

Sobre: Esse foi com certeza o disco mais técnico que ouvi esse ano. A Crânula surpreende com a junção do grindcore, death metal e death progressivo. O EP "Human Savage" é um registro que muito contribui para o cenário do metal nacional, sendo coeso, original e pesado como tem que ser.


                  18.
                  Os Estudantes & Mahatma Gangue
                  Álbum: Canções Tropicais
                  Mahatma Gangue Os Estudantes Ouça AQUI

                 Sobre: Split k7 que junta duas maravilhosas bandas de diferentes regiões deste país. Do lado sudeste os incríveis Os Estudantes, e lá do nordeste a Mahatma Gangue chega roubando a cena. Maravilha de registro pra quem ama punk, hardcore e surf music.


           
19.
Holodomor
Álbum: Demo

Sobre: Sonoridade crua que explora o crustpunk, isso é o que você encontra ao ouvir a demo da manauara Holodomor. Em 5 cantigas, por hora pode-se identificar pitadas arrastadas de Doom, que deixa o registro com uma peculiaridade massa de ouvir.




20.
Cidadão Instigado
Álbum: Fortaleza

Sobre: Cidadão Instigado voltou mais forte após o belo disco "Uhuuu!". Em "Fortaleza", Catatau & Cia reforçam o status de melhor banda criativa deste país. Psicodelia, rock progressivo, pitadas de brega e som sincero. Baita lançamento neste ano.



21.
Tirei Zero
Álbum: S/T

Sobre: Os caras voltaram com tudo para a cena goiana com esse primeiro full que chegou pesado e com direito a lançamento em formato de fita cassete. Futebol de rua, amizade, skate sem status e skatepunk pra aliviar as dores do cotidiano cruel.




22.
Test
Álbum: Espécies

Sobre: Tudo que essa dupla lança causa algum rebuliço. E com "Espécies" não foi diferente, pois conta com escritos de gentes do naipe de Fernando Catatau (Cidadão Instigado) e Jair Naves. Esquema bom lançado pela Cospe Fogo.

23.
Disforme & Manger Cadavre?
Álbum: Limbo

Sobre:  Lançamento em conjunto com vários selos (a Two Beers tá no meio) que junta a Disforme e a Manger Cadavre?. Estilos diferentes, hardcore/punk de uma lado e hardcore/crust do outro, num split mais que foda e de alta qualidade. Mais uma ótima contrubuição para o underground nacional.

24.
Futuro, Ornitorrincos, The Renegades of Punk e Mahatma Gangue
Álbum: Ritmo Selvagem

SobreO 7 polegadas mais legal lançado nesse ano, que junta a nada do punk/hardcore nacional. Ornitorrincos, The Renegades of Punk, Futuro e Mahatma Gangue fazendo versões ferozes de cantigas obscuras da jovem guarda. Mostrei pra mamãe e ela gostou até, ó. Lançamento pela Yeah You! Records.

25.
Drakula
Álbum: Deathsurf

Sobre: Lançamento magnifico que juntou vários selos (a Mandinga Records daqui de Goiânia tá nesse bolo) e colocou no submundo da música essa bolachinha verde-maconha da linda Drakula. Surf/punk/garage em quatro cantigas pra alucinar a mente e bombear o coração. Vai por mim, esse aqui é viciante.


26.
Instituto
Álbum: Violar

Sobre: O Coletivo Instituto voltou pesado pra cena da música independente com esse disco cheio de artistas pesados. Criolo, Curumin, finado e eterno Sabotage, BNegão e muito mais. Eu agradeço por ser contemporâneo e poder ouvir esse clã.



27.
Spazzin'to the Oldies
Álbum: A Tribute to Spazz

Sobre: Coleta cabulosa que homenageou a lendária Spazz. Powerviolence de todas as formas possíveis e impossíveis. E os cabras do Cätärro estão ali nesse bolo, nesse tributo genial lançado pela Mind Ripper Collective.



28.
Motor City Madness
Álbum: Dead City Riot

Sobre: Garage punk com mescla de stoner e aceleração sem controle. Isso é o que você encontra ao ouvir  "Dead City Riot", um disco intenso e direto. A Motor City Madness ganhou um bom destaque no cenário com esse disco e eu gostei muito do que ouvi, por isso que tá aqui.


29.
Garrafa Vazia
Álbum: Back to Bacana

Sobre: Humor, bebida e punk rock, isso já é uma característica marcante da Garrafa Vazia, banda já tradicional do interior paulista. Amizade, diversão e festa punk, pra ouvir em finais de semana de folga e sossego.



30.
Send More Hate
Álbum: S/T
Sobre: Banda boa de Cascavel/PR que chegou pesado nesse disco de estreia. Doze músicas que misturam o hardcore, crust, death metal, d-beat e afins.




31.
Bixiga 70
Álbum: III

Sobre: Terceiro disco dessa big-band maravilhosa que mistura os ritmos africanos com a essência da sonoridade latina-americana. Afrobeat, cumbia, soul... um disco pra revigorar qualquer corpo cansado das mazelas do cotidiano.



32.
Deb and the Mentals
Álbum: Feel the Mantra

Sobre: Esta banda eu conheci nas fuçadas da internet e gostei de primeira do que eu ouvi. Vocal feminino bem anos 90, stoner garageiro misturado com punk rock que alegra qualquer alma sebosa e músicas-chicletes que ficam por dias no mente. Bate uma nostalgia de L7, Bambix e coisas do tipo ao ouvir isto.


             33.
             Diatribe
             Álbum: Discografia (k7)
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             Sobre: lançamento pela Thrash Unreal Records que junta a discografia dessa clássica banda sulista de crust numa fita cassete pra deixar qualquer amante do estilo com boa ansiedade. Artigo indispensável para colecionadorxs e apreciadorxs da sonoridade mais crua.
34.
Viruskorrosivus
Álbum: Prolongado, Progressivo e Incurável

Sobre: Um dos melhores lançamentos dentro do estilo hardcore/crust nesse ano. A Viruskorrosivus explora a sonoridade suja, obscura e crua, remetendo aos porões da sonoridade cruel dos anos 80. São quase 30 minutos de falta de esperança, negatividade e ambiente sombrio. Discásso e é isso.


35.
Kallangoz
Álbum: Babacas no Mosh

Sobre: Crossover bem aos moldes primórdios dos anos 80, num álbum que surpreende pela autenticidade e resgate da nostalgia thrash. A capa tosca contradiz o belo conteúdo sonoro do disco. 





36.
Tumbero
Álbum: EP Vol. 2

Sobre: Hardcore cru, pesado e agressivo vindo lá de Cambuí/MG. Sonoridade noventista com boas influências de Ratos de Porão, Napalm Death e Sepultura. Lançamento maravilha pela Noise Discos.




37.
Neurotóxico
Álbum: Web of Terror

Sobre: Banda da nova safra de Brasília, a Neurotóxico chegou pesado com o seu disco "Web of Terror". Mescla de death metal e thrash metal calcados na velha escola, o registro é um dos destaques do subterrâneo nesse ano, pela maravilhosa sonoridade e proposta de resgate ao som oldschool.



38.
Signo XIII
Álbum: Fata Morgana

Sobre: Post punk de Brasília com pitadas de Surf Music. O EP "Fata Morgana"encerra a trilogia de EP's da banda de maneira coesa e original. Sonoridade rebuscada e atual.




39.
C.R.A.C.K. & Alchemy of Sickness
Álbum: Split

Sobre: Fast crustpunk com grindcore pra lascar com os ouvidos puros. Anti-música sem massagem e sem cerimônia pra quem não consegue decifrar o abismo desse mundo em acordes rápidos e ríspidos. Split pancada que merece um bom destaque.




40.
Shade of Mankind
Álbum: We Are The Plague

Sobre: Crustcore clássico diretamente de Porto Alegre/RS pra fechar esse rol tosco de discos. Este recente lançamento da Shade of Mankind segue a linha do crust com elementos do death metal. Disco pesado e coeso.









*Esqueci de algumas bandas e lançamentos, mas é assim mesmo, mente lesada oficina do cão.



1.12.15

Send More Hate - S/T (2015)



Começo de fim do ano do último mês, e pra presentear e entrar nesse clima falseta de fraternidade e compaixão, apresento (pra quem ainda lê essas doidice sem rumo) o disco de estreia da banda Send More Hate. Vinda lá de Cascavel/PR, Começando pela capa, que me ganhou pelo tom sombrio, cheguei despreparado pra ouvir o esquema e levei uma boa lapada nas costas oca. O disco dos cabras conta com 12 cantigas, que mesclam de maneira bem direta o crust, punk, death metal, d-beat e o hardcore. A sonoridade é densa e rápida, do jeito que este sítio podre gosta, com um certo clima de falta de esperança e negatividade, como pode-se notar nas músicas "Send More Hate", "You Lose" e "Intro/Free". "O Bandido da Luz Vermelha" é o ponto alto do disco e que faz referência ao famoso larápio que virou filme e tudo mais. A banda é formada por Douglas (vocal), Barth (guitarra), Jeca (baixo, vocal) e Gustavo (bateria), e digo que este registro é um dos ótimos lançamentos desse ano dentro desse subterrâneo. Banda nova que merece uma boa atenção, ouça!


Página da banda: Send More Hate

Ouça o disco aqui:

28.11.15

This is Canoas, not POA! - Festival reúne talentos locais em busca da integração da cena





Neste domingo acontece a quarta edição da festa que já é considerada a mais tradicional e também diversificada da cena roqueira canoense. This is Canoas, not POA reúne três bandas de diferentes estilos musicais, a partir das 18h, no Estúdio Black Bird. Os ingressos são retirados na hora por R$10.


Serviço: 
THIS IS CANOAS, NOT POA!
(Chega de pegar trem para curtir um bom show na cidade vizinha).
Quem? Paquetá, Mondo Calado e Baracy & Os Miseraveis.
Quando? Domingo, 29 de novembro, a partir das 18h
Onde? Estúdio Black Bird (Rua Saldanha da Gama, 661. Bairro Harmonia)
Quanto? R$10 


Conheça e escutem as bandas: https://thisiscanoasnotpoa.bandcamp.com

Sobre as bandas

Mondo Calado faz parte da nova safra canoense, porém é formada por figuras já conhecidas da cena musical da cidade: Jaison Bellissimo (voz), Jonatas Holz (guitarra), Jeferson Marchetto (baixo) e Roger Neres (bateria) mostram em suas composições tanto influências musicais – a politização das letras e a mistura de peso e groove imediatamente associam o grupo a antecessores como Planet Hemp e Rage Against the Machine (RAtM) – como da cidade onde cresceram e vivem, Canoas.
A banda tem mostrado seu trabalho no circuito independente gaúcho, principalmente na já citada Região Metropolitana da capital. Seu primeiro material foi lançado em 2013. O single “Aonde Você Se Encaixa” já mostrava o conceito musical que a Mondo Calado desenvolve desde 2012, data de sua primeira formação. A partir do segundo semestre de 2015, o grupo divulga uma série de singles que farão parte de um EP a ser lançado no primeiro semestre de 2016, e que promete chamar a atenção pelo trabalho artístico multimídia. A primeira dessa série de músicas é “Brasil Colônia”.

Paquetá é uma banda de Surfichedelic punk music ou Tropical Punk desagradável feira para gente desengonçada dançar. Uma singela homenagem a praia de Canoas, também conhecida entre os locais como prainha. O local também remete a muitas características do grupo canoense. Afinal é uma praia que não é bem praia e um surf music que não é bem surf music.

Influenciados por bandas como Man or Astroman?, Ramones, Dead Kennedys e pelas coletâneas “Back from the grave”. Aliás, "Paquetá" é uma palavra com origem na língua tupi. Significa "muitas pacas", pela junção de paka (paca) e etá (muitos). As pacas são: Bruno Fogaça (bateria), Daniel Hogrefe (guitarra), Vinicius Dagger (guitarra) e Wender Zanon (baixo).

Baracy e os Miseráveis traz a energia e irreverência do rock´n roll passeando por diversas referências que vão desde a jovem guarda-brega-psicodélica, passando pelo rock'a'billy-pop-visceral, até ao rock n' roll no seu estado mais cru, tosco, insâno, pervertido e as vezes fora de si.

LOCALS ONLY! 

Sobre o festival

Cooperação e não competição. Este é o lema do evento. A ideia é fomentar a cena local através de encontros de artistas e grupos de diferentes estilos e meios. Apesar do nome, a proposta não é tornar o evento em um festival bairrista. A integração, união e o intercâmbio são bem-vindos. O nome do festival é uma referência a compilação lançada em 82, pela Modern Method Records, que levava o nome de This is Boston, not L.A. Assim como naquela ocasião, os organizadores do evento acreditam que a música reflete o cotidiano em que vivemos. Assim, a música produzida em Canoas também possui características da nossa (tão amada) cidade. Seja na forma como é apresentada, na letra, no som, visual, estética ou textura.

This is Canoas, not POA surge com este propósito. Resgatar os shows autorais nos espaços privados da cidade e promover a união e cooperação de quem produz. Hoje em dia, os espaços mais utilizados pelos artistas autorais da cidade são espaços públicos. Estão aí o Ensaio na Praça, Igara Rock, entre outras ocupações para comprovar isso. Porém, os canoenses merecem mais. Muito mais espaços, mais ocupações, mais grupos, mais shows e mais arte. 

24.11.15

finds memorável e só.

Este final de semana que morreu vai ficar na memória de algumas dezenas de pessoas. Pra quem perambula pelo subterrâneo sonoro e identifica-se com hardcore/punk, a importância da gaúcha Ornitorrincos e da paulistana Futuro dentro desse cenário torto é inquestionável. Pois bem, nesse finds as duas bandas desembarcaram pra fazer apresentações aqui em Goiânia e na vizinha Brasília, e a ansiedade de meses fez-se presente quando o pessoal chegou por aqui e bateu a tradicional larica no self service vegano Loving Hut. Entre a timidez e a fome, fui trocando ideia com quem eu já conhecia e apreciando a farofinha-maravilha que complementava o meu cardápio composto por lasanha, purê e saladex. Enchido o bucho, partimos para o Frutos do Brasil (aka Frutos do Cerrado) pra fazer o Villaverde tentar bater o recorde de consumo de picolé (da derradeira vez, o cabra consumiu 7 picolés!). Não sei ao certo, mas parece que o bom raparigo conseguiu matar 8 compridos gelados de sabores peculiares do cerrado (pequi, gabiroba e outros mais...), enquanto eu fiquei entre a graviola e o cupuaçu. 

De lá fomos para o local do crime, o famigerado Gas 07, com o comboio composto pela Gulag, Ornitorrincos, Futuro e mais algumas cabeças. Eu desconhecia, mas o local passara por uma reforma recente, deixando o esquema tava refinado e proporcionando mais comodidade para público e banda. Entre uns ajustes e outros, montagens de merchans e coisitas mais, aos poucos fui trocando ideia com o pessoal das bandas, enquanto o público chegava de maneira sorrateira. Altas histórias boas que o Pedrim da Bang Bang Babies contou sobre presepadas de rolê em outros estados, e enquanto íamos matando o tempo entre uma ampola e outra, a Ímpeto preparava o baile da terceira idade. Fiquei na portaria de lero com a Fernanda e com receio da chuva que estava programada pra chegar naquela tarde/noite de sábado. Bom, passada a apresentação que peguei de rabo de olho, era a vez da magnífica Bang Bang Babies, a minha favorita daqui já por algum tempo. Entrosada, uniformizada, performática e maravilhosamente bem tocada, peguei parte da apresentação que me deixou extasiado, com o Pedrim mexendo num Teremim de uma forma bem frita, me lembrando alguma referência psicodélica garageira dos anos 60. Apresentação que surpreendeu boa parte do público, e posso dizer que a Bang Bang Babies está atualmente entre as três melhores de nosso cenário underground pequizeiro. Em seguida fui pra portaria e ficara sabendo através da boca de terceiros como andava a "grandiosa" final da série c. O que eu queria mesmo era ver, depois de alguns anos, o baile da Gulag. Conheci a banda numa apresentação fervorosa no Capim Pub, e sempre que posso indico pra quem é chamegado no estilo acelerado do som. Desta vez o esquema foi muito mais intenso e chocante, com o Julio fazendo uma performance impressionante, abalando sistema nervoso e sanguíneo de quem presenciou o belo raparigo em ação. Finalizada a apresentação e anestesiado pelo que tinha acabado de presenciar, a chuva foi chegando aos poucos, e tivemos que mudar a logística da portaria as pressas. Revezando na cadeira do monitoramento, vi o começo e o final da apresentação da Ornitorrincos, e amizade, que trem doido foi aquilo. Villaverde me fez lembrar algum vídeo do Jello Biafra em começo de carreira. Tapas na própria cabeça, enrosco no cabo do microfone, corpinho rolando no carpete e mirabolagens mil que deixou meu queixo quase deslocado e a cervical com várias pontadas de dores. O esquema terminou emocionante com "É Só Uma Questão de Distância". Eu já estava mais que satisfeito com aquela tarde/noite impecável, mas ainda tinha a Futuro e eu estava com uma dívida pessoal, já que da vez passada perdi o show por conta de compromisso. Dessa vez fiquei muito na expectativa, e tudo compensou quando a banda começou os acordes. Já tinham me dito sobre a Mila no palco, e comprovei vendo um ótimo vocal, sem falar na sonoridade maravilhosa que a banda despeja em nossos ouvidos. Pedro apavorando nos riffs e deixando a minha pessoa bem feliz ao cantar "Rumo ao Fim" num dueto fabuloso com a Mila. Terminada a apresentação, eu pude ver a felicidade estampada no rosto dos que estavam presentes. Não tive nada do que reclamar, apenas que poderia ter sido eterno e ponto. Nos despedimos, o pessoal voltou pra Brasília e fui descansar pra ver se animava de pegar a estrada no dia seguinte.

No domingo, acordei sem ter a certeza de que iria para o rolê em Brasília, mas a Nati despertou revigorada e os 200 e poucos quilômetros iriam fazer valer dentro de algumas horas da tarde daquele domingo. Pausa clássica no Jerivá pra urinar, rangar e comprar saquinho de amendoim e balinhas de pingo de mel que fazem você soltar bufas intermináveis. Entre uma perdida nas ruas da capital que revelou Phillippe Seabra, Dado Villa-Lobos, Dinho Ouro Preto e Rodolfo Abrantes, chegamos ao local da festa e logo fomos recebidos por Villaverde, Pícaro, Daniel & Cia. Como foi bem em cima do horário, peguei o início exato da Abismo, banda nova de Brasília que conta com o Poney (Violator, Cidade Cemitério, Possuído Pelo Cão) no vocal. Um clima sombrio fez valer através de um doom com passagens pelo post punk que ecoou pelo subsolo do Bar do Bendito Benedito. Apesar de não ser meu tipo de som favorito, gostei do que vi e ainda consegui carregar 38% da bateria de meu celular durante o show. Saí pra refrescar, conhecer melhor o ambiente, e enquanto a Tirei Zero apresentava lá embaixo, fiquei matando algumas ampolas e vendo jogo no telão até ficar um pouco sem reflexo nas pernas e olhares. Conversas com Insekto, Bá, Xopô, Villaverde, Lucas e Guilherme me fizeram perceber que as cenas só mudam de endereço, que os prós e contras são iguais em quaisquer lugares. Já era hora da Futuro subir no pequeno palco do porãozinho em formato boate. Desci, me ajeitei próximo as banquinhas dos merchans e vi uma apresentação linda, um pouco mais curta que em Goiânia, mas não menos intensa. Deu pra notar que o público seguiu no ritmo até o fim. Voltei pro andar de cima, peguei mas alguma coisa de algum jogo na telona e logo desci pra ver a passagem de som da Ornitorrincos. "Louva-Deus" teve uma passagem quase que como um começo do baile e quando começou o porãozinho veio abaixo. Outra apresentação memorável daquele quarteto poderoso. Villaverde e seus comparsas são incríveis, e ter um grand final com "Nuvem Passageira", "O Homem Louva o Louva-Deus" e "Mictório Público", foi pra revigorar a alma e recarregar as energias pro início de semana que estava por vir. Terminado o baile, nos despedimos em tom de saudosismo, e voltamos pra encarar a estrada. 

O saldo final desse rolê-maravilha foi a incrível troca de experiências com pessoas distantes, a vivência do hardcore/punk em sua essência e sem estrelismos, com muita amizade, amor e sinceridade. A saudade fica e o breve sempre pode ser possível pela boa hospitalidade, e sempre penso que as vezes reclamamos da vida sem olhar em volta, pois aprender a valorizar as pessoas e as coisas faz dessa passagem algo menos doloroso. Agradeço de coração ao pessoal das bandas, Daniel, Pícaro, Júlio, Fernanda, Nati,  Chita e pessoal do bar, Gustavo e Isabela. Espero que a próxima não demore.

20.11.15

Hang The Superstars - Causos do Rock Proibidão (Documentário) - 2015





Talvez essa foi a melhor fase do rock podre goiano, eu era novito e entortei a mente assistindo aos shows da Hang The Superstars. E digo talvez, pois não presenciei o final dos anos 80 e começo dos anos 90 desse nosso rock. Martim Cererê, chácaras distantes, bares, casas de eventos ridículas, cana, droga barata, rolê de madruga, cochiladas em praças, chão de área mijada de amigo servindo de dormitório e mais um monte de situações joviais inconsequentes que este rock goiano proporcionou, e a Hang foi a principal culpada pra boa parte de uma galera sem nenhum pingo de juízo e zelo pelos pais.
Esta película em formato de documentário reúne histórias e personagens conhecidos da cena, com direção da trinca Eduardo Kolody / Adérito Schneider / Maiara Dourado, o filme é um baita registro de uma época farta, bem ao naipe "Verão de 88", e que ficou na memória (ou não) de muitos. O esquema está disponibilizado no Youtube e logo abaixo você pode conferir esta maravilha do underground goianiense.