12.7.17

Personal Choice - Choices





O ritmo aqui já não é mais o mesmo, a verdade é que de uns tempos pra cá só escrevo pra desenferrujar a ossada das articulações dos dedos e aliviar as tensões do cotidiano. Ainda recebo muito material, alguns interessantes e outros nem tanto, e confesso que a preguiça e o foco em outros horizontes me interessam mais nesse momento. Enfim, sem necessidade para mais explicações, digo que vez ou outra fuço sítios pra ficar um pouco situado do que anda acontecendo no underground e, sinceramente, quase nada me agrada, e meu refúgio ultimamente tem sido as coisas mais antigas, e dentro desse contexto cito o disco perdido do Personal Choice (se assim pode-se dizer), que ouvi depois de ler uma resenha na Noisey. Ouvindo "Choices", muitas lembranças de uma adolescência tímida veio à tona. Se o Hip Hop e o Rap me ajudou a ter uma identidade e consciência de raça, mesmo que rasa naquela época, o hardcore melódico (que era a influência do emo do Embrace) trouxe a urgência do diálogo dos conflitos internos e pessoais que qualquer adolescente passa. Lembro que o primeiro disco do Dance of Days (6 firts hits) fez tanto sentido em minha vida que mesmo em fases questionáveis da banda, consegui acompanhar sem apontar dedos. Nessa época pude conhecer melhor sobre anarquismo, vegetarianismo, straight edge, movimentos sociais, coletivos, zines e boa parte da subcultura do hardcore. Foi aí que a coisa desandou e é por isso que estou escrevendo aqui. E ouvindo o "Choices", mais velho e com uma certa experiência de cena, faz mais sentindo ainda todo o contexto do som, melodias, letras e postura. O disco em si não tem nada de novo pra quem acompanhou o lance todo, mas recomendo a audição do mesmo, pois remete à um recorte de lembrança de uma época muito sincera, talvez pela dificuldade do acesso ou pela falta do imediatismo da tecnologia, as coisas eram mais intensas e mais duradouras. E é por conta disso que resolvi postar algo sobre esse registro, que de certa forma reacendeu uma ponta preguiçosa de continuar fazendo à minha maneira as coisas que sempre acreditei. O mundo anda esquisito e a sinceridade que um movimento ou um disco transmitiu, vale muito nesse momento pra não deixar se entregar e seguir contra o vento. Valeu mesmo aos responsáveis.


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