19.8.13

Chaos, Alfajor Vegano e Resistência



Aê negada doida, depois de alguns dias inativos por conta de internações compulsórias, estoy de volta pra relatar o lindo baile debutante que rolou ontem (domingo) no melhor point podre do underground goianiense, o Capim Pub, localizado na região mais valorizada do Setor Aeroporto, mais conhecida como "Independência ou Crack". A tarde / noite do dia mais familiar da semana reservava como atração principal, a paulista Social Chaos, além de bandas locais conhecidas do público.
O esquema estava programado pra começar às 16 horas, chegay por volta das 17 horas e como é sempre de praxe, os atrasos chatos voltou a ocorrer, fudendo com aquelas pessoas que fazem compromissos com horários e tudo mais. Do lado de fora do aconchegado recinto pude notar que a famosa e embaçada vizinha havia instalado duas câmeras em pontos estratégicos na porta de sua residência, flagrante pra pegar emaconhado desavisado e caguetar pra gambé desgostoso da vida.
Adentrei no local e logo vi que o layout do baile charmoso não era mais no anexo lateral da entrada, que divide com o estreito corredor que dá para os fundos do pub, o esquema agora era num cômodo bem apertadéx, mais pra galera sebosa de olor forte torna-se um atrativo a mais para moshs e danças desequilibradas, isso seria notado por minha pessoa horas mais tarde. Aos poucos o Capim foi lotando e como as outras casas da cena alternativa-bonita-limpa daqui da cidade estón fechadas por conta da rigorosa fiscalização dos órgãos especializados depois do episódio da boate beyjo sulista, algumas dezenas de pessoas de pele alva, tatuagens impecáveis e vestes bem descoladas, parecendo modeletes da ãmbiente sk8 shóp, deram o ar da graça por lá, pois a falta de opção de rolêt faz com que as pessoas engulam os cactos rejeitados no passado goela abaixo.
O reencontro com algumas boas amizades, os habituais olhares tortos de catrevagens descartáveis e o clima agradável do dia marcavam pra mim aquele rolêt delícia. Com alguns acordes saindo de uma guitarréx ao fundo, pude perceber que os trabalhos do dia estavam começando, e quem chutou a oferenda com força e raiva foi o Livre?, banda local que mistura grind/crust/powerviolence e tudo que for rápido agressivo. Nunca tinha visto a apresentação dos bonitos raparigos, e o que eu tinha escutado na demo "O Mundo Está Perdido Mas Sua Vida Não Está" comprovou-se ao presenciar a esculhambação sonora
que os cabras fazem. Armaria pra quem chegou desavisado no bagulho, pois os malucos vão do doom ao powerviolence extremo em segunditos preciosos, comandado pelo vocal do Gilcélio, uma espécie de Rádio AM em volume 35 sem sintonia, ruído agressivo que afeta muito os tímpanos. Creio que atualmente na cena goiana o Livre? seja o maior representante da anti-música, com muita agressividade, letras que contestam todos os padrões defasados da sociedade tradicional e com figuras carimbadas dos rolêts subversivos da cidade, gostei do que vi e vida longa pra essa maloqueiragem sem pudores e regras.
Observando o que cercava ao meu redor, entre punks e loks, destacou-se o rango vegano que estava sendo vendido no local, de cara adquiri um quibe e um alfajor. O primeiro estava muito gostoso, pena que estava apimentado, o que veio a comprometer a minha cuidada hemorroida, paciência. O segundo estava surreal de gostoso, tanto que comprei mais alguma unidades pra guardar em minha residência, preço justo e sabor muito agradável, pontanto, se você for de Goiânia e identifica-se com este tipo de alimentación, conheça e consuma o excelente trabalho dessa galera do Rangos Vegan Goiânia, nota 10 pra qualidade iso dos lanches. Outro destaque que vale citar foi a doação de camisetas e materiais alternativos por parte do raparigo conhecido pela graça de Júlio Baron (Tirei Zero, WxCxMx, Pretexto de Vagabundo Publicações e etc.). O cabra tirou bonitos sorrisos de pessoas que conseguiram e/ou interessaram em pegar alguma bugiganga útil com o jovem rapaz, inclusive este que aqui depõe también ficara com a face mais esticada por alguns minutos.
Conversitas maneiras sobre a cena e sobre a vida bandida do dia-a-dia, até que um bom aglomerado de pessoas sem classe começaram a se juntar dentro do quartinho de despensa que agora tornou-se o espaço para as sessões de descarrego (aka bailes de cantiga rápida e agressiva) da dita cena local. Bom, me ajeitei estrategicamente do lado de fora, próximo da jenelinha que tinha uma fadita e um cavalo marinho contorcidos em metal, pendurados e atrapalhando as minhas toscas tentativas de fotografia via celularix. Eis que o Social Chaos bateu o ponto e deu início à ordem de serviço da contracultura. E bitcho, que carrego de som, parecia que eu estava numa roda tensa de trabalho negativo, mas ao invês dos batuques dos agogôs, a densidade do baixo juntamente com o vocalista (ex
F.D.S) sósia do Marcelo (Old Studio), aliado com a brutalidade da bateria e a crueldade seca e obscura das guitarras ditavam o ritmo pesado que a apresentação dos paulistas faziam naquele puxadinho. A negada doida-do-jipe ajudou muito a incrementar a impressionante apresentação que eu estava assistindo, de stage dives insanos à pesadas doloridas em costa de gente desavisada que estava mais na frente do "palco" só pra pagar um pouco mais de pau para os Sociais do Chaos que estavam em plena ação.  Eu que cheguei alegre e risonho, saí com a aura pesada e semblante agressivo, pois o crust/grind/punx de quebrada que os caras tiram é carregado de ódio e protesto, e por hora, pro bagulho ficar mais cinza, algumas passagens de doom deixam o clima mais sombrio. O amargo da vida em acordes apocalípticos e letras que combatem o preconceito e todas as formas de opressão ditaram o ritmo do show, histórico e memorável para aquelas que gostam dessa linha de som. 
Uma pena eu não ter ficado até o fim, pois ainda tinha mais duas bandas locais a se apresentar, Death From Above e Sociofobia, mas valeu muito pelo que presenciei, sem a presença de estrelismo tosco, policiamento de cu e o que prevaleceu foram os bons papos, as amizades e a resistência em fazer-se eventos de cunho contracultural numa cidade tão provinciana e apática como a nossa, deixo aqui os meus agradecimentos ao pessoal envolvido na organização, que mais maloqueiragens dessa possam rolar numa constante maior. Beyjos.

OBS.: Nón leve em consideración essas fotos profissionais que tirei, isto é só uma demonstração de meu talento no quesito tirar retrato de baile. 

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