16.10.11

10 Anos de Insetu's - Uma década de resistência(Parte II)

E aí negadis, tudo na paz de Jah? Pois é, voltei pra terminar a resenhéx(parte II) dos 10 anos de Insetu's Produções, comemoração essa, ocorrida no último dia 1º desse lyndo mês. Os palcos, intercalados da noite, além de uma ótima sonorização e luz, homenageava duas lendas do verdadeiro underground goiano, de um lado o palco Hocus Pocus, palco esse que mencionava com muita honra a loja mais underground da cidade, uma lembrança mais que justa à loja que tanto apoia os eventos aqui da cidade e ao Juninho, guerreiro que sergue firma com a sua loja de quadrinhos. Do outro lado, o palco HC-137, homenageando a lendária banda punk/hc daqui da capital. Bom, com essas menções honrosas das mais dignas, bandas finéses batalhando dentro dos teatros e público bem bonito e bêbado, a noite seguia tudo nos conformes. Seguindo os relatos acerca das apresentações, subia em um dos palcos, a banda punk do DF, Os Maltrapilhos. Os candangos agitaram os derrotados presentes, fazendo um show bem clássico e com discursos fortes. Gosto da postura, do visual e das cantigas, dos já não joviais. Conversa vai, conversa vem, o tiozim fedendo bosta seca deixando seu gostoso aroma por onde passava e devido toda a correria de bauruzéx, ajuda com instrumentos e conversas com pessoal, acabei perdendo a apresentação da banda Madre Negra, uma pena, pois queria muito ter visto, paciência..., outras oportunidades virão, espero. Após a degustação dos bauruzéx por alguns belos, corria de boca em boca a notícia de que o Ímpeto(banda de hardcore daqui da cidade formada por 3 idosos decadentes e 1 gostoso sósia do Marcelo Camelo) estava bailando no palco HC-137. Por conta da triste notícia de dias antes da morte do Redson(vocal e guitarra do eterno Cólera), os bonitos fizeram um show/tributo ao Cólera. Simplismente emocionante, clássicos eram esbravejados por novos e anciãos, lágrimas, arrepios, emoção, tudo misturado naquele local fechado, com os discos da banda homenageada expostos no alto da lateral direita do palco. Digo que esse foi um ponto alto do evento, não porque foi cover, nem porquê o pessoal foi participativo do começo ao fim, mas pela lembrança de uma figura que mudou e moldou a vida de tantas pessoas através de sua música e de sua mensagem. Chorei copiosamente, ao ponto de chupar todo o meu catarro que escorria de minha venta, só pra não sujar minha lyndinha blusa. Seguindo o relato, era a hora do Agrotóxico subir aos palcos, muita expectativa desde a primeira apresentação dos rapazes nessas terras de cá, fato ocorrido lá no longínquo campus da UFG. E amigo, que apresentação agressiva, fazendo aquela cambada de mal amados irem ao delírio. Falo com toda a certeza, O show do Agrotóxico tinha que ser realizado sempre nas periferias, em lugares aonde as pessoas são esquecidas pelo governo, porque as letras, a sonoridade é apocalíptica demais, se tu bobear, tu se fode nas rodas...e foi isso que eu vi, pessoal com uma energia absurda, clássicos tocados, fazendo um passeio por toda a discografia da banda, fãs se esguelando fazendo altos stages dives insanos. Show digno e de responsa, ou seja, muito suór, contusões e um arominha de cocô que pairava pelo ar, que dava um gostinho especial em cada baile. Voltei para as minhas funções culinárias, totalmente exausto e satisfeito até então, claro. Mas a noite ainda não tinha terminado e entre uma cervejéx, uma água para hidratação do corpinho, música brega no celular e muitas risasdas, o A.R.D., lendária banda punk do Distrito Federal subia aos palcos para mandar o seu recado. Gilmar e demais dinossauros fizeram uma apresentação memorável, para joviais e idosos nenhum botarem defeito.
E eis que era chegada a hora mais esperada da noite, era a realização do sonho de muitos presentes ali, e eu estava incluso nisso. No caminho até o teatro, fui lembrando das vezes que eu ouvia escondido de meus pais, discos punks do naipe de Cólera, Ratos De Porão, Sex Pistols, Dead Kennedys e muitos outros, e o quanto aquilo era forte, diferente e o impacto que causava em mim, ao ler, ouvir e ver, letras, músicas e capas. Tudo veio em mente e quando adentrei em uma das caixas d'água daquele centro cultural, o que se podia sentir além de muita energia, era uma forte emoção saindo de todos aqueles corpos sujos, suados e machucados. O Olho Seco começava sua apresentação e fechava aquela noite inesquecível para os presentes. Fábião e a sua lendária jaqueta deixava a cada música a certeza que o punk vai ecoar ainda por muito tempo e com uma força incrível. Clássicos como "Eu Não Sei", "Botas Fuzis E Capacetes", "Todos Hipnotizados" eram esbravejados por todos, o palco se tornara um local democrático, em que lyndos e lyndas subiam, pulavam ou dividiam os microfones com muita emoção. Choros, sorrisos, satisfação, amizade, tudo misturado em coros, rodas, abraços. Pra mim, que jamais esperava ver a banda nos palcos novamente, foi uma espécie de pagação de pau mesmo, mais que qualquer coisa, admirei o show do começo ao fim, as vezes pulando, as vezes gritando ou simplismente estático, observando banda e público, numa sintonia difícil de ver. A banda fechou o show com o hino "Isto É Olho Seco" e aquele teatro segurou as pontas, pois até o tio cagado passou a cheirar alfazema, do tanto que o ar estava puro anquele exato moemnto, aquele que tinha algum exu no corpo, expulsou naquele momento de forma avassaladora Saldo final? De que os sonhos são possíveis, que a correria, a amizade, as pessoas boas, o punk, o hardcore, coisas que envolvem sentimentos e não dinheiro ou inveja, valem muito à pena, nesse mundo cada vez mais perdido e sem sentido. Walkir, Carol, Junior e todo o pessoal da Insetu's, pessoal da 3M, que ao longo dos meses que antecederam ao evento, fizeram todo o esforço, os encontros, as reuniões, as metas, as camisetas vendidas, os pequenos shows para arrecadação de verba, definição do nome do evento, do desenho do cartaz, da seleção das bandas, tudo, sem tirar nem por, um muito obrigado, pois toda essa loucura, preocupações, noites sem dormir, foi recompensado com uma noite memorável, que ficará para a história do underground goiano e que certamente daqui alguns anos e décadas essa noite será falada e lembrada em rodas, entrevistas, relatos para amigos, filhoe e netos. E se a inveja e o egocentrismo corroeu os órgãos internos de alguns que queriam ter tocado ou participado efetivamente dessa grande festa, o que pode-se dizer é que ao invés de pensarem em si próprios, tentem pensar em algo coletivo, sem preocupar-se com status, pois uma "cena" forte é feita na base da união(coisa bem utópica essa minha) e não em insinuações ou falação em tópicos de internet, pois na vida real, no dia-a-dia, a vida te cobra e você tem que ter a humildade suficiente, e saber que criticando sem argumento, será cobrado, que algo que é feito para unir. Atitudes impensáveis só faz dividir e continuar na mesma merda em que se encontra há anos. Por fim, agradeço de coração pelo público presente, pelo apoio de todos nessa dura caminhada, e podem ter certeza que mais coisas de impacto ainda estão por vir, porque desse lado existem guerreiros e guerreiras que não desistem nunca. Obrigado à Insetu's por uma das noites mais lindas dos últimos tempos aqui nessa cidade, no que diz respeito à underground, rock, punk e hardcore, que mais 10 anos venham com essa mesma força e resistência. Um grande beyjo no corção, meus amores, até mais!


Fotos por: Nati Simão

www.flickr.com/photos/natisimao

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