7.5.15

Domingo de Surf no Skate em Goiânia

Domingo é um dia complicado pra sair de casa, principalmente quando pensa-se na maldita segunda-feira de trabalho e/ou estudo, mas de vez em quando algumas ocasiões são bem atrativas pra fazer a pessoa levantar a carcaça corporal atacada pelo reumatismo e deixar de lado o futebol, compromissos familiares e a preguiça descomunal. Tá, superei alguns desses fatores e rumei para os lados do Jardam (aka Jardim América), pois nas imediações do bairro aconteceria uma tarde/noite frenética de Skate Punk e Surf Music com as bandas Tirei Zero e Beach Combers, num local inédito pra mim, o Estúdio Sonoro.

Cheguei relativamente cedo no local, fiquei moscando por um tempo, vi uma quadrilha de gambés parando uns moleques que estavam dando um pião de Audi e pude acompanhar a chegada elegante de parte do público, tudo muito calmo e morgante até então. Na medida em que o tempo avançava, conhecidxs adentravam e as boas prosas fluíam naturalmente, acompanhadas de maravilhosas latólas geladitas de antárctica comercializadas por um preço justo e compatível com o bolso lascado pela falta de verba de fim de mês.

Com uma discotecagem bem agradável em que pude ouvir um bom "Raise the Black Flag", hit da magnífica Skate Aranha, e outras pedradas do naipe, o clima ia encorpando e o baile ficando cada vez mais elegante, até que acordes distorcidos saíam dos poros do estúdio e a Tirei Zero preparava-se para o ritual sonoro. Tinha tempo que eu não via os cabras em ação e o mais incrível pra mim foi ver a evolução do Vitim na banda e saber que a bicheira que castigava as costas do baterista Julio, parecia ter sido amenizada, nada que um excelente álcool com arnica não resolvesse aquela infame enfermidade. Introduçãozinha cabulosa, livre experimentalismo guitarrístico, Bruno e a sua incrível capacidade de dar estrelinha e ainda segurar bem as cordas grossas, Julio sapecando na percussão como de costume, Pedrim sendo o frontman que o underground sempre precisou e em minha imaginação fértil eu conseguia ver ali o JFA alimentado com pequi, gueroba e suco de tamarindo. 
Saí muito satisfeito da apresentação, estava bem escuro na parte externa do Sonoro e a expectativa pra ver a banda carioca de surf music era grande. Não conhecia o som e o que eu ouvi através do youtube tinha agradado bastante. Bebi mais algumas ampolas antes da apresentação do trio e quando os acordes vazaram da salinha aconchegante do estúdio, acelerei meus passos largos e imediatamente fui transportado para o ambiente praiano dos anos 60 da Califórnia fervente. Meu dorso não conseguia ficar estático e ora ou outra eu dobrava ridiculamente meus joelhos, uma mera alusão tosca à prática esportiva em riba da prancha grande. Muito louco o visual dos bacharéis integrantes do conjunto, a sonoridade e toda a proposta, saí dali muito entusiasmado com o esquema sonoro dessas doidos cariocas.

Achando que grand finale já havia ocorrido e que eu iria capar o gato pro rumo da pecuária, eis que uma surpresa punk invadiu aquela noite agradável, era uma banda do lendário Fal (Rollin Chamas), se eu não me engano a banda é conhecida pela graça de Caçadores de Cabeça e mandou um punk rock tradicional dos mais legais de ouvir. Por fim, terminei algumas prosas, vazei alegre pelo evento e triste pela segunda-feira que estava por vir. Muito foda, valeu Mandinga Records e que outros destes venham pra alegrar nossas vidas tortas!

Fotos por: Renato Vital

Este escrito foi feito ao som de Figueroas


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