13.2.14

Pastel de Miolos - Da Escravidão ao Salário Mínimo (2010)




Este disco chegou em minhas sebosas mãos através de uma linda cortesia da Brechó Discos, demorei pra resenhar por pura leseira, mas antes tarde do que nunca (velho ditado clichê que perambula na boca dente avoada) pra falar desta obra prima do punk rock nacional. A banda em questão é a lendária baiana Pastel de Miolos, desde 1995 na resistência sonora, com uma longa e honrosa caminhada dentro do underground nacional, atualmente em power trio formado por Alisson Lima (vocal / guitarra), Alex (vocal / baixo) e Wilson Santana (bateria). "Da Escravidão ao Salário Mínimo" é um lançamento de 2010 e apresenta a banda em sua melhor performance, com produção e mixagem em alto nível. A bolacha conta com 24 cantigas que exploram de forma visceral, coesa e original o punk rock aos moldes antigos com a evolução dos tempos atuais. 
Ao ouvir várias vezes este bonito registro, várias músicas ficaram ali na lembrança e são elas que eu sempre destaco quando resolvo citar cantigas. "Desespero" e "Tapa Na Cara" são rápidas, diretas e pesadas, letras que falam da agonia em ter a vida nas próprias mãos e das lapadas que levamos diariamente do sistema. "Corpos" é melodiosa e remeteu a alguma fase punk oitentista, muita nostalgia e corpo dançante. Um hino punk é o que podemos ouvir em "PDM", cantiga que recebe o nome da banda e que fala das mazelas deste país. "Não Se Engane" fala da falta de liberdade e o refrão / coro fica grudado na caixola e lembra alguma coisa de Misfits. "Ted, Skate & Hardcore" é pra quem usa a rua da melhor forma, anda de skate como estilo de vida e ouve hardcore como uma forma de resistir a essa patifaria que impera nos círculos sociais. "Olho Torto" tem 10 segundos e é o prazo de uma piscada e a cantiga já se encerra. "Moicano" é um recado curto e direto para aqueles que acham que visual é tudo e a atitude vem em segundo plano, ou seja, moicano não faz punk. "Da Escravidão ao Salário Mínimo" é uma das cantigas que mais gostei, mesclando ska com rock, que fala de forma bastante contundente da dependência que o assalariado fica em torno do maldito patrão. "Ruas" é uma música bem trabalhada que fala daqueles que vivem nas calçadas, invisíveis aos olhos da maioria, e aqui vale destacar o solo / refrão que gruda na mente. "Eles" é outra cantiga que fez eu repetir várias vezes, punk rock clássico com uma letra lindíssima, atual para o momento repressivo em que vivemos neste país. "Esperar Sentado" vai para todos aqueles que acham que o mundo não está tão mal assim, até que a bomba exploda em suas mãos. "Opressão" é cadenciada e densa, com uma letra muito forte e bem escrita. O disco fecha de forma brilhante com a cantiga "Depois do Silêncio", densa, pesada e obscura.
"Da Escravidão ao Salário Mínimo" leva o nome de Jera Cravo na produção, mixagem e masterização, Wilson Santana no projeto gráfico e teve a união dos selos Brechó Discos, Big Bross Records, Tamborete e Pisces Records para o lançamento deste lindo registro. Posso dizer que a bolacha é uma obra prima do punk nacional, que irá agradar aos dinossauros e aos mais novos que gostam de música de protesto e baseada nos três acordes. Ouça, compre e indique!


Página da banda: Pastel de Miolos

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