Em 1998 eu tinha 14 anos e o meu contato com a música era através do rap nacional (Gog, Câmbio Negro, Racionais, MRN, DMN, Cirurgia Moral, Facção Central, Alibi...) e no rock era um Guns n' Roses aqui, um Ramones alí, um Red Hot acolá e até então o rock não era tão influente em minha pacata vida maloqueira de escola. Nessa época meu irmão já era envolvidão com o underground local, tinha banda, fazia zines e eu achava aquilo tudo interessante, mas só acompanha de longe. Fuçava numas coisas dele aqui e outra alí, tinha medo dumas capas meio demoníacas e tal e minha mãe sempre falando que o satanás de alguma forma estava naquele quarto. Até que num belo dia, eu vasculhando os cd's, topei com uma capa de um palhaço em preto-e-branco e com o nome Mukeka di Rato. Gostei do nome e gostei do título Xupa-Kabra, pois na época o Programa do Ratinho enfatizava este bizarro caso nacional diariamente, chegando ao ponto da minha pessoa ter medo do próprio cão que criava. Coloquei o redondo-com-furo-no-meio pra rodar e aquelas cantigas rápidas, gritadas e com títulos engraçados e críticos foram contagiando a minha mente, e naquela época, minhas amizades falavam que o que existia de mais agressivo era o Nirvana. Mas quando eu ouvi esse disco, vi que o buraco e sebo era bem mais embaixo. A escola em que eu estudava era comandada por freiras, e tive a ideia de levar o cd pra mostrar para meus colegas, e a parada soou tão agressiva que na época os cabras fizeram uma banda chamada Entulho, tosquice extrema em forma de cantiga ruim. O disco todo é um crássico do hardcore/punk nacional, mas na época eu pirava muito nas músicas Minha Escolinha", "José é Mau", "Deturpação Divina", "Capetali$mo", "Lá-Ré-Sol", "Skaratáfeliz" e "Porco Policial". Nesse tempo de minha vida foi quando eu afastei definitivamente da igreja e cada vez mais fui aproximando da podrêra do underground, cada vez mais bagunçando e fuçando as coisas do acervo do meu irmão, dando mais desgosto para meus pais e piorando minhas amizades. Gritos, desgraça, terceiro mundo, humor..., definitivamente esse foi o disco que piorou a minha vida na época e fez eu deixar de tomar banho por dias, entrar em conflito com o conservadorismo de meus pais, lascar de alguma forma com o padrão cristão da escola e ser visto com olhos bem desconfiados pelos pais de meus sebosos amigos daquele período jovial-tosco. Semana que vem tem mais um disco da série "Discos que pioraram a minha vida".
Ouça o "Pasqualin na Terra do Xupa-Kabra" aqui:
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