Neste final de semana que morreu aconteceu a décima terceira edição do Festival Vaca Amarela, aqui em Goiânia, no clube jaó, recinto este que reúne a nata da carniça elitista dessa cidade e que serve de espaço para eventos culturais que acontecem por aqui. O festival já é tradicional no cenário alternativo-hype goianiense, e este ano coincidiu de chocar a data com o Villa Mix, daí a minha impossibilidade de poder ver mais um show de Mirosmar & Emival e cair vomitado de cana pelas redondezas do Serra Dourada. Nesta edição do Vaca, algumas atrações me atraíram, como a escalação da Céu, Entre os Dentes, Haikaiss e Passarinhos do Cerrado, e como eu estava despreparado financeiramente pra poder colar em todos os dias, tive que recorrer ao suborno e através de um engradado de catuaba da raça adquirida pela metade do preço de mercado na quebrada da Lobó, consegui descolar uma pulseira vip e o final de semana começava a ser rasurado.
Chegando no local do crime, entrei pelas portas do fundo e evitei uma fila quilométrica e seguranças colocando suas mãos em minhas partes pra ver se tinha tóxico ou algo do tipo. De cara já fui fazendo amizade com a peãozada boa que ralava pra descolar um troco extra, e ao ter o primeiro contato com a estrutura me impressionei com as diversas opções de ambientes para o público, mas logo pensei que aquilo era o óbvio e o minimo para um fest que recebe a ajuda de lei de incentivo. Reparei que no canto esquerdo rolava um camarote e que a minha condição permitia acesso livre ao espaço. Bingo. Entrei e vi que tinha diversos tipos de bebidas do maligno, então comecei a consumir, isso eu fiz ao longo dos três dias, num ambiente de muita poses e caras, playboyzada dando chilique pra sair com bebida ou entrar sem permissão, patrícias reclamando do meu odor de bosta seca que se espalhava pelo local, tudo muito engraçado e divertido para um tosco raparigo como eu, acostumado a ir em cabaré de periferia e beber glacial na pindureta. Tive a oportunidade de conhecer os bastidores de camarins e backstage do fest, com algumas figuras ditas importantes desta cena mais abonada fazendo cara de cu com hemorroida para o meu lado. Eu gostei, pois o diferente seria nulo e frustrante pra mim. Topei com o mestre Di Melo e o papo foi dos melhores, o tio é malandrão e figuraça, queria beijar todas as mulheres e demonstrava simpatia e humildade com todos, diferente do Criolo, este mesmo que na época em que era conhecido como Criolo Doido e veio aqui em Goiânia agiu com muito mais humildade e acessibilidade. Talvez a fama bagunçou a cabeça do cara e alguém nesta recente trajetória de sucesso midiático o fez acreditar que ele era o novo messias vindo do rap. Avacalhei com o banheiro do camarim, filei uns rango e bebida boa, sempre levando o segurança no papo. O maluco de dread que faz parte do Haikaiss, perdeu a van e teve que ir de carona na condução do Di Melo. O príncipe 4:20 desta nova geração tentou por tudo arrastar mil meninas pra dentro da van, chegando ao ponto da mulher do Imorrível pagar um sapo pela folgadisse do cabra, história hilária. E a noite do Haikaiss foi mais ou menos essa, mil mulheres e mil maconhas infinitas.
No âmbito dos shows, aquela banda daqui que toca folk me fez querer sair do fest e desejar estar no Som da Terra, dancei com as gay no show da banda Uó e muita gente bulinou a minha bilola e minhas nádegas, o Boogarins me impressionou mais uma vez e finalmente eu tive a chance de adquirir o disco "As Plantas que Curam", um dos melhores que já ouvi nesta recente caminhada torta. A Céu fez um show competente e dentro do que eu esperava. No sábado o Passarinhos do Cerrado deixou o ambiente bem maculelezado e eu me senti um cientista social filiado ao partido verde com as unhas do pés cheias de terra vermelha, e o show foi lindo e arrepiante. O mestre Di Melo foi impecável e emocionou este que aqui rabisca, acompanhado da incrível banda Dom Casamata, mesclando músicas novas e de seu álbum clássico. A noite de sábado terminou com um show razoável da Flora Matos. No domingo, não consegui pegar a apresentação do Entre os Dentes, então fui pra sacar de qual que era dos doidos do Haikaiss e a apresentação dos moleques foi de responsa e com uma galera fiel cantando todas as músicas. O show do Criolo, que eu achei que fosse de banda e não foi (erro grave da produção em não divulgar este fato ao público), foi bem foda, com o cara tocando muita música antiga, dando espaço pra Flora Matos e Haikaiss. Mas o melhor do final da noite foi a participação do gente fina Ivo Mamona, mandando um som com muita humildade.
Ao final da jornada o que posso concluir disso tudo é que foi legal conhecer os bastidores e a certeza que fica é que jamais vou querer ou desejar este dito independente, pois enoja e afasta. Obrigada.
Obs.: se tiver erro de digitação e concordância, foda-se.
0 comentários:
Postar um comentário