Era sexta-feira, começo de noite com chuva marôta aqui na cidade e eu tinha que dividir meu tempo noturno em duas estadias, primeiramente iria cumprir com meus compromissos profissionais aperfeiçoando minhas habilidades num curso localizado bem nas entranhas das bimbocas crackeiras nas mediações da praça da bíblia. Depois disso minha missão era enfrentar o respingo médio que caía dos céus e ir pro Martim Cererê, templo do underground goiano que tinha voltado a funcionar depois de uns anos completamente abandonado. Tá, o lance é que a protagonista daquela noite de rock sem fama era a dupla paulista TEST, banda que já passara por aqui em duas ocasiões, tendo a histórica apresentação na porta da Hocus Pocus como destaque. Antes disso bati o ponto no porcón, pra degustar umas ampolas mais baratas antes de ficar embassando na porta do evento. O molha-gato não deu trégua e o jeito foi adentrar e proteger minha chapinha das gotas abençoadas por jeová. E o que eu vi logo de cara foi um Martim deserto, com os seguranças presentes quase competindo com o público, logo imaginei que em dia de chuva os roquistas-stáiles-goianienses socam-se em algum bueiro da cidade e que quando a pracinha ao lado não possui nenhuma alma sebosa tocando viola e bebendo catuaba é sinal de que o público preferiu não fazer o rolêt selvagem. Mas os presentes galanteavam a noite com suas vestes e peculiaridades, dando um requinte mais decadente para o evento.
No ambiente interno do evento logo localizei a banquinha clássica da Two Beers Or Not Two Beers e com uma prosa legal e namoros com alguns itens do catálogo do selo, peguei o EP mais recente da mossoroense Cätärro, coisa már linda do papai cheirar e que deixara este ser profundamente satisfeito com a aquisição feita. Também tinha merchan da TEST e da mineira Uganga que também iria bailar naquela noite, além de uns bolinhos (chamados de cupcakes) que fiquei um pouco receoso em comer, por conta da desconjuntura intestinal que aquela massinha decorada me causa. Fui pro mais óbvio, cerveja e goles em catuabas que alguns doidos tinham conseguido passar escondendo os carotinhos dentro de suas cuecas (fico imaginando eu como segurança e vendo aquele volume na calça dos raparigos, ou o maluco fazia ponta em filme pornô amador ou tinha adquirido uma caxumba lascada...). Papos pra lá de legais com o João & Barata (TEST), Marcão & Luiz (Ressonância Mórfica), Bruno (Tirei Zero) e com mais algumas figuras ilustres do lado b da cena faziam o tempo passar em ritmo desenfreado. Aliás, o louco do João sugeriu na roda um novo espaço dentro das resenhas dos rolêts, seria algo do naipe de "Como seria o show da banda que eu não vi", a negada riu que engasgou com a ideia. Com essa nova aba ficaria resolvido o problema de bandas que reivindicam espaço em resenhas, mesmo quando eu não vejo a apresentação das mesmas.
Entre uma ida rapidéx no wc masculino e uma reposição de lata, a apresentação dos mineiros do Uganga começara. Apresentação pesada e bem calcada no hardcore/thrashcore, diferente de um outro show que vi dos cabras naquele mesmo recinto, se não me engano em algum dia perdido do mês de março do ano de 2011 (#rensga!). A banda pareceu bem mais encorpada e técnica, merecendo aqui um bom destaque para o vocalista Manu Joker (que já foi baterista da lendária Sarcófago), que está com uma presença de palco massa e timbre de voz cabulosa. A banda estava divulgando o seu mais recente trampo, o disco ao vivo que é resultado da tour européia, intitulada "Eurocaos".
A cabulosa Ressonância Mórfica ficara responsável por abrir o show dos paulistanos, e meu amigo, aqui digo, aqui escrevo: já vi algumas apresentações com outras formações, mas esta atual com o baixista Hemar (Spiritual Carnage) no time deixou o timbre sonoro muito mais agressivo. O vocalista Marcão com o passar dos anos parece que descobriu qual é a melhor casca de romã para o gargarejo, o cabra está simplesmente animal no gutural agudo e grosso, coisa lindona de presenciar em vida. A apresentação do quarteto foi uma mescla poderosa de grindcore e death metal, valendo também destacar a técnica apuradíssima do guitarrista Luiz e da responsa do Weyner na bateria. Minha expectativa era enorme pela apresentação dos bonitos, pois dias antes chegara em minhas sebosas mãos o tributo nacional ao Napalm Death, e a Ressonância pinta como um dos destaques da bolacha, portanto, minha expectativa era grande. Os cabras não me decepcionaram e depois do lindo concerto que presenciei, cheguei a conclusão de que a banda é atualmente a maior representante da música extrema na cidade, consequentemente sendo uma das melhores do país. Se você não conhece a banda, conheça, se nunca viu os cabras em ação, veja.
E eis que que a dupla mais cabreira do underground nacional começava a dilacerar suas cantigas rápidas e macabras em solos goianos, colocando no bolso aquela muntuêra de duplas da música popular daqui que surgem aos montes por essas bandas de cá. O fato é que observei algumas pessoas abismadas com o que viam, e em contrapartida tinha um segurança batendo mais cabeça do que os reis da catuaba, presentes ali na grade de proteção do teatro. Achei estranho o fato da banda ficar um pouco longe da galera, já que das outras vezes que os vi o calor humano fazia-se bem mais presente, mas isso não prejudicou o baile da dupla, já que a regulagem/timbragem do som estava perfeita. Este concerto que chocou alguns dos presentes me fez lembrar da vez em que o Are You God? tocou no bananada de 2008, apresentação épica que deixara a dita "goiânia rock city" com os cabelos do cu arrepiados. Falando mais do baile perfumado, é sempre bom ver o barata judiando da bichinha (bateria para os leigos) e presenciar o jeito peculiar do João no palco, ainda mais com aquelas fumaças que tomavam conta do palco (gelo seco+diambra+souza cruz) juntamente
com o jogo de luzes, em boa parte do show tendo a cor vermelha como destaque, deixando o clima bem mais denso, com leves toques da presença de exu no interior do teatro. Baita concerto jovial que deixara meu pescoço lascado no dia seguinte.
A organização esteve tranquila, tirando a lesura perdoável da garota que vendia as fichas no bar. Por fim, terminei o rolêt matando uma larica infernal no Smiley, muito satisfeito com os shows que vi e pelas amizades que reencontrei. Lembrando que neste mês de dezembro este blog completa 4 anos de cabarezagem, com muitas novidades por vir, ou seja, você vai ter que nos aturar por um tempinho ainda, #rizos.
Abaixo segue parte do show, em filmagem profissional.
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