Senhoritas e raparigos, agora eu peço a devida licença pra tentar relatar tudo que eu senti quando me deparei com aquele que considero, até então, como o melhor registro nacional e um dos melhores do mundo lançado neste fatídico ano de 2013. Falo do incrível "Nadir", novo disco da cearense Facada, que chegou em minhas mãos nesta semana e que não paro de ouvir. Do registro anterior "O Joio" para este, confesso que esperava algo na mesma linha de som, mas enganei-me. A nova bolacha está com a sonoridade mais trabalhada, com influências de outras vertentes como o Black Metal. Sim amizades, no desenrolar do disco riffs melodiosos são notáveis, o que deixou tudo muito mais pesado. Com parte do disco feito em Berlim e que leva a assinatura do Ari nas cordas finas do disco, o restante foi produzido nestas terras tropicais e levando a rubrica de Danyel na guitarra. O esquema todo foi mixado e masterizado no The Overlook in Gävle (Suécia) por Willian Blackmon (www.blackmon.se), elegância total no bagulho, rapaziada!
O disco abre com uma introdução bem no sense, retirada de uma cena do filme "Auch Zwerge Haben Klein Angefangen" de Werner Herzog, dando um clima macabro e um ar de humor. O que vem depois disso não é nada engraçado, muito pelo contrário, é agressivo, surreal e com uma qualidade monstruosa, notando isso na segunda faixa "Deus de Carne", que tem uma letra lindíssima mostrando o lado oposto e cruel da divindade "suprema". "O Fim do Homem" vem com a famosa pegada "britadeira", falando da desgraça que é o ser humano e todas as consequências que este ser causa, com direito a refrãozinho bem ao estilo hardcore/punk oldschool de ser. A faixa "Cidade Morta" tem a sonoridade do grindcore clássico, com a pele da bateria estourada e com as pitadas de black metal, foi uma das faixas que mais gostei, já que ela retrata dos mortos-vivos que perambulam na cidade. "E-Diota" foi a primeira cantiga do disco que degustei e que ficou na linha FACADA de ser, mesma linha dos trampos anteriores. "Amanhã Vai Ser Pior" deixa claro que a banda não tenta seguir a linha tradicional do grind, essa tá bem old-black e com a letra pesadíssima, mais um ótimo destaque do disco. "Josefel Zanatas" vem com a participación de Marcelo Appezato (Hutt) e é uma digna homenagem ao José Mojica (ou Zé do Caixón). "Altar de Sangue" é mais death, longa, arrastadona e com um lindo solo do "cachorro louco" Jão (Ratos de Porón). Aí chega "Nadir", título do disco, brutalidade sonora sem pedir permissão pra estourar seus ouvidores, fiquei até com a pressão baixa ao ouvir a cantiga, tive que colocar sal debaixo da língua pra recuperar-me na audición. "Tudo Está Desmoronando" é outra cantiga que favoritei, e só digo uma coisita, reparem a linha sinistra de bateria da cantiga, meu amigo..., britadeira de obra civil deixa de funcionar com vergonha de fazer feio perto deste som. A sequência dançante de "Raiva Não Fortalece"/"O Tempo Será Teu Humilhador" é uma ode ao death metal clássico e as diversas e aceleradas fases do grind, e pra variar com lindas letras cortantes. A outra sequência "Eu Não Pertenço A Este Mundo"/"Corumbá Hippie do Inferno" tem a nobre participación de John "Maniac" Leatherface (Chronic Infest), aliás, Corumbá foi um hippie que viveu aqui por essas bandas do cerrado e eu até comprei uma arte do infeliz na praça universitária, época em que a Jamaica era minha pátria-mãe. "Ode a Gente" é direcionada pra você que odeia ter que conviver com seres deprimentes, death-grind goxtoso de ouvir. "Preguiça de Interagir" já é um som carregado de crossover, isto mesmo, aquela pegada clássica que te faz bailar sem ver, dedicada para pessoas como eu que possuem a clara desmotivação de interagir com idiotas. A outra sequência boa é "Espero Antes De Morrer"/"Perverso Sem Remorso", em que o Dangelo mostra que bateria é instrumento pra judiar sim, magoar sem dó a bichinha. "Inveja" é a cantiga mais rápida, letra que serve para muitas situações, do submundo da cena ao ambiente de trabalho. A última faixa "Guarda Esse Mantra Para Ti" é um grind catastrófico e que termina com uma oración ao contrário, blasfêmia maior impossível, fechando em alto nível o disco que é impecável. Só esqueci de uma coisita, o vocal do James está lindão, sempre achei uma das melhores vozes do underground, e neste disco isto só veio a comprovar, gutural vociferado em português e nítido é sempre raro de ouvir, por isso sempre tem que destacar proezas lindas como esta.
A capa ao ser vista, de início parece apenas listras abstratas, mas ao reparar melhor um rosto surge no esquema, aliás, toda a arte do encarte está muito bem feita, assinada por Éverton Luiz, com a direção de arte comandada por Fernando Camacho. O disco é um lançamento da excelente BLACK HOLE PRODUCTIONS, mestre no quesito música extrema, e fica aqui os fortes agradecimentos ao Fernando Camacho e aos envolvidos no trampo, grande lançamento de 2013. Tenha esta bolachita em mãos, vai por mim, obra prima do submundo sonoro nacional!
Página da banda: Facada
Ouça aqui algumas cantigas do disco:
5 comentários:
Valeu a resenha, cara! Muito bem feita! Nós que agradecemos as palavras!
james/facada
Valeu pela resenha, mermão! Nós que agradecemos as palavras! Muito obrigado!
james/facada
Valeu mano, o disco está sensacional!
Lançamento do ano! Parabéns ao Facada!
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