Sábado eu acordara por volta das 10 da manhã nas imediações do Setor Negrón de Lima com a ansiedade alterada. Passei a semana acompanhando uma discussão épica entre parte da galero de Brasólia e daqui desta miúda e pacata província. Em meio à essa paçoca de pilão, chegava a notícia do fechamento do Old (estúdio e casa de shows undergrounds de Goiânia) para a realização de eventos nesta cidade, trazendo a realidade de que o show do TEST poderia ser zicado e a possibilidade do show não acontecer era muito grande, até que bem no gargalo do camelo as pessoas envolvidas conseguiram fazer com que o esquema todo fosse realizado na calçada do lendário sebo Hocus Pocus, deixando raparigos e moçoilas com coceira no foba. Portanto, os ingredientes nón eram poucos e só faltava colocar o bolo de puba no forno pra assar.
Com minhas expectativas bem afloradas, cheguei no local do crime e pude reparar que por ali já tinha uma gama de pessoas feias reunidas, consumindo álcool e fumando diambra sem fazer cerimônia. Nada de óculos style, roupas descoladas ou tattos feita pela galera do bicicleta sem óleo, o lance era gente sem dente, tatto de cadeia e óculos de grau adquirido sem receita na feira da marreta. Como o baile era grátis, a venda de bebidas no local era necessária pra ajudar a pagar aquele rolêt, e com o pouco de ordenado que eu possuía em minha bolsêta, entre notas de 2 remendadas com duréx surrupiado do almoxarife da obra e moeditas de un realito, o combinado de 3 era juntado e eu adquiria a latinha azul que continha 355 ml de pura qualidade de vida, ritual este que minha pessoa faria durante toda aquela tarde agradável de sábado.
Como o evento não tinha apoio da cerveja devassa, nón era feito em pista de skate localizado em região nobre desta cidade e nem tinha incentivo da galera fora do beiço, os mictórios ambulantes nón ecxistiam por aquelas ruas, obrigando um raparigo como eu, que bebe além da conta, procurar alguma árvore ou poste para aliviar a bexiga do diurético. Pois bem, enquanto eu estava em meu ato urinário, dois pé-de-porco me abordaram, cortando o meu barato, tratando a minha presença com muita "educação" e com dizeres bastantes elogiosos que nem minha querida mamãe seria capaz de proferir, tudo isso por causa da vadiagem excessiva em prol de um alívio imediato causado pelo abuso no consumo da água-de-comer.
Passado o perrengue, me vi dialogando com o João enquanto o forró de cego não iniciava, no qual o bonito vocalista integrante da banda protagonista daquela tarde revelou na bolinha de meia (notícia essa que eu logo alastrei...) que a apresentação só iria começar com a nobre presença do ilustre From Hell. O show começou um pouco atrasadéx, por conta do dilúvio que caíra horas antes e pelo atraso do poeta satânico. Com todas (ou quase) as testemunhas presentes, a apresentação começava com uma intro bem blasfêmica. Aliás, o contraste daquele show sendo realizado justamente em frente à uma igreja católica, com algumas senhorinhas de pele alva do outro lado da rua colocando suas mãos enrugadas nos lábios, num claro sinal de espanto, deixava o clima/visual ainda mais subversivo.
O Barata com a sua velocidade infame, impressionou, como de costume, à todas testemunhas presentes no local do crime. Algumas de boca aberta, outras balançando os corpos, todas bailando ao som da orquestra sinfônica da desgraça, regida por dois cabras fora do comum. O João impecável com o seu vocal black-metal e seus riffs que grudam feito chiclete vencido. Os joviais passearam por toda a disco da banda, dando mais ênfase no atual trabalho, o Arabe Macabre (quem acompanhou o processo de gravação/confecção do registro sabe que foi um tapa na face do Dorsal Atlântica). Lógico que eu iria ressaltar que esta apresentação superou a outra passagem da banda por aqui, por diversos fatores óbvios: rua, hocus pocus, nostalgia, transgressão e boas amizades. Foi mais ou menos meia hora pra lavar a alma e reavivar o faça-você-mesmx dentro dxs presentes. A colação de grau terminou com um lindo recital na figura do From, grand finale perfeito para aquela tarde de exaltação do black, do death, do punk, do grind, do hardcore, da falta de deus e da resistência em forma de ações.
A constante passagem de viaturas na porta da loja, antes, durante e depois do show, era um temor do pessoal de vestes pretas, medo real dos gambé fuder com o rolêt, mas pela bênção macabra de joaquim extremo os coxas só estavam gastando o petróleo cedido pelo marconi-nazi e possivelmente procurando uma padaria pra fazer aquela boquinha servida que só eles sabem tirar proveito.
O evento que tinha tudo pra dar muito errado, deu muito certo, aliás, gostei muito do clima de amizade que estava pairando por lá. Papos hilários, galera nova colando pela primeira vez no bagulho, e quem não foi por opção perdeu aquele que pode ser considerado o principal candidato a melhor show de 2013 nessas terras pequizeiras. Cooperativismo e persistência, sonoridade agressiva e resistência, sem dinheiro de governo, sem estrelismo e o resto da cabarezagem toda está registrado em fotos, vídeos e nas mentes de cada pessoa presente que não se ajusta à este sistema. E como há referência ao mestre Hyldon, nunca é demais terminar citando: "dizem que sou louco, por eu ter um gosto assim, gostar de quem
Fotos por:
Alex Almeida Katira: Flickr / Facebook
Nati Simão: Flickr / Facebook
Vídeos bonitos do forró-sem-briga que rolou na porta da Hocus Pocus
4 comentários:
bacana!
Adorei!!!!! O texto é mto envolvente!!!!! :p
Fora do beiço há vida!!!
JA FUI UM DE VOCES! MT FODA#
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