A importância de Max Cavalera para o metal mundial não é algo que se discute. Houve um momento em que Jonathan Davis, do Korn, perguntado se acreditava em deus, disse que sim e que ele se chamava Max Cavalera. O excelente site Wiplash chamou-o Villa Lobos do metal. Meu brother Rainer Sousa (@rainersousa) descreveu-o no Twitter como "marmota albina jamaicana", mas que ainda "canta muito". Enfim, não existia pra mim a opção de não ir ao show do homem, ainda mais aqui em Goiânia, onde pouco acontecem shows dessa magnitude. O último, acho, foi o Megadeth no mesmo Sol Music Hall, onde se apresentou parte da família Cavalera. Digo parte porque, além do Max, tocou na bateria seu filho Zyon, hoje com 18 anos. Percebe-se que a idade está avançando em sua cara quando você se lembra de fotos desse rapaz ainda bebê, com uma suposta tatuagem de dragão no braço com o pai. Também participaram o Iggor (filho mais novo de Max) e Ritchie, que suspeito ser enteado de Max. Definitivamente não era o de "Menina veneno".
Max com Iggor, seu filho, à esquerda parecendo o Eminem
e Ritchie à direita, parecendo um Hanson.
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Não tinha grandes expectativa desse show. Esperava uma apresentação boa, com algumas músicas do Sepultura e muitas do Soulfly. À boca miúda, corria que seria 50-50 e também que seriam 2 horas de show. Nem uma coisa, nem outra. Foram 1:40h de show e mais Soulfly que Sepultura, o que, digamos faz muito sentido. Nos vídeos que eu assisti do Max no Youtube, vi um guitarrista que usava a guitarra mais como um colar, daqueles de tribo que ele geralmente usa, do que propriamente como uma guitarra. Além dos dentes faltantes (uma sensação indescritível de decadência droguística) e do excesso de peso em pouquíssimo tempo, uma tal Síndrome de Bell o atacou agora que ele chegou de uma tour da Austrália; uma doença que paralisa metade do rosto. O cara está piscando um dos olhos com ajuda do dedo, só pra se ter uma ideia. Então é natural que eu esperasse um show como a fala fofa do Max antes de por uma prótese dentária. Qual não foi minha surpresa ao ver o Soulfly com um guitarrista ativo!, tocou quase todas as músicas e quando não tocou fez até sentindo, porque valorizou seu poderoso vocal. A regulagem do show estava ruim, a guitarra de Marc Rizzo, o guitarrista capoeira, e diga-se, excelente guitarrista, estava bem mais baixa que a de Max, o que não tinha lógica alguma.
Uma expectativa que eu tinha e que se concretizou foi a inexperiência de palco de Zyon. Apesar de segurar bem na maioria das músicas, o menino errou feio em algumas. Ele errou "Inner Self", do Sepultura de 1989! Isso corresponde a se esbaldar de comida em uma orgia com freiras pagas com dinheiro sovinado. Ou seja, sacrilégio triplamente qualificado! Aliás, o menino foi bem criado pela Yoko Ono do Sepultura, Glória. Ele só errou nas músicas do Sepultura. Demorei 16 segundos pra reconhecer "Refuse/Resist" com a cagada que ele fez no começo. Não gostei do Zyon na bateria em Goiânia e do Igor Cavalera em São Paulo. Parece que a gente viu show com um reserva.
Tony Campos, baixista do Soulfly, candidato a Kerry Link do
Slayer com essa barba, tomando uma breja honesta que não
estava para nós.
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De qualquer forma, o show foi muito bom. Me diverti com as músicas antigas do Soulfly, do primeiro disco ("Bleed", "Eye for an eye", "No hope=no fear", "Tribe"), com outras de outros discos, como "Black the primitive" e com a música de trabalho World scum" do novo disco, "Enslaved". Mas sem dúvida, ver o vocalista original do Sepultura tocando "Arise/Dead embryonic cells", "Roots bloody roots" foi demais. "Aí, vamos tocar agora uma velha, do "Morbid Visions" (segundo disco do Sepultura) 'Troops of doom'". Não chorei porque estava perdendo muito líquido pulando e agitando com se eu tivesse 16, não 33 anos. Podia morrer desidratado, então poupei meus olhos. Afinal, hidratar-se com uma Devassa (a cerveja, claro) a R$ 5 é pra gente rica e eu, ao contrário, sou professor. Tomei umas oito e senti uma dor no reto por causa das notinhas de 20 voando. "Trouxe cem conto pra ficar bêbado, mas com essa cerveja de cabaré a 5 conto eu to indo de meia em meia hora pegar uma", disse meu amigo Natal, fã inconteste de Sepultura, Soulfly, de Max Cavalera e editor de um dos melhores zines virtuais que eu frequento, o Paranoid Zine.
Max Cavalera em coletiva de imprensa segurando um papel
com os dizeres: "Eu acesso o blog licor de chorume!!!
Foto por: Stefani Costa
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Paguei 110 pilas pra ver esse show. Grilei da Sangre ter soltado ingressos a 65 num site de compras coletivas depois de eu já ter adquirido o meu, mas fazer o quê, tava com medo de pagar 130 pelo terceiro lote, uma vez que eu tinha perdido o primeiro, de 80.
Sei que estou com a alma lavada, com as pregas vocais destruídas de tanto urrar as músicas do Sepultura e com o corpo inteiro e ileso, afinal, estou fazendo karatê e tenho muuuuuito vigor, como dizia o velhinho da propaganda do motel. Valeu a pena demais, iria a São Paulo hoje ver de novo, se não fosse professor e, consequentemente, miserável.
Resenha escrita por Guga Valente (@profgugavalente), professor, guitarrista das bandas Sangue Seco e Ímpeto, blogueiro e colaborador infame em horas inoportunas para este blog.
3 comentários:
Foda a resenha!!!´
xDhalsinx
Esse show foi coisa linda viu!! Max no melhor estilo mendigo way of life arrasandooo. As mina e os mano piraram demais.
Visitem:entrebooks.wordpress.com
download mp3 do show em sao paulo:
http://www.mediafire.com/?0ot5idrn333r8ag
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